Nesta página será transportado para a emocionante expedição a bordo do navio Polar Almirante Maximiano.
Acompanhe de perto o diário de bordo dos intrépidos cientistas do MARE, Afonso Ferreira e Graça Sofia Limeira, durante as missões de investigação dos projetos polares da campanha PROPOLAR 2024-2025.
Maravilhe-se com as descobertas, desafios e momentos inesquecíveis desta jornada no coração das águas geladas!
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O nosso último diário
Fotografia da equipa de investigadores embarcada no Navio Polar Almirante Maximiano.
Ainda antes de embarcarmos no voo militar que nos traria de volta a Rio Grande, tivemos ainda a oportunidade de explorar a pequena, mas muito característica cidade de Punta Arenas, na região da Patagónia Chilena. Conhecida por ser um ponto de conexão com o continente antártico devido à sua localização ímpar, esta paragem permitiu-nos conhecer um pouco do papel importante que Punta Arenas tem para a ciência polar.
Fotos do Museu de História Natural do Punta Arenas
Finalizada a expedição, voltaremos a Portugal com a sensação de dever cumprido, não esquecendo, claro, que ainda há muito trabalho para fazer no laboratório com as amostras recolhidas. No entanto, isso é uma questão para a Sofia e o Afonso do futuro. Por agora, o nosso objetivo é regressar a Portugal e voltar às nossas rotinas do dia-a-dia.
Partida de Punta Arenas para o Brasil, a bordo do voo militar da Força Aérea Brasileira (FAB).
Até ao próximo embarque!
Entre Icebergs e Estações - Estreito de Bransfield
Querido diário de campanha, os dias de trabalho têm sido longos e árduos, mas os nossos turnos de 12 horas têm sido repletos de paisagens e de muita ciência. Entre icebergs, baleias e pinguins, temos também realizado muitas estações oceanográficas (i.e., pontos de recolha e de análise de águas do mar) ao longo da Península Antártica.
Em cada uma destas estações, é possível observar como a abundância de fitoplâncton, a temperatura, a salinidade e o oxigénio variam desde a superfície ao fundo. Em termos de fitoplâncton, temos observado uma grande diversidade não só na sua abundância, mas também na sua composição taxonómica. Um grupo de fitoplâncton que se tem destacado nas nossas observações é as diatomáceas, o grupo de fitoplâncton mais abundante nesta região e que apresenta um papel fundamental para o ecossistema antártica.
Ontem, realizámos uma das estações mais profundas desta expedição: cerca de 2000 metros de profundidade. Para comemorar este momento, como já é tradição nestas campanhas antárticas, toda a equipa científica a bordo prepara um conjunto de copos de esferovite decorados ou personalizados que irá ser descido até às profundezas do mar. Devido à elevada pressão que se verifica no fundo, os copos regressaram comprimidos, ou seja, em um tamanho muito inferior ao original. Estes copos são depois guardados como recordação deste momento marcante da expedição.
Por hoje, é tudo. Chegámos agora a uma estação e o dever chama. Até à próxima!
Figuras
Chegada a Antártida
Querido diário de campanha, após uma passagem calma pelo estreito de Drake, chegámos à Antártida.
Durante o estreito de Drake, ainda tivemos a oportunidade de recolher algumas amostras, para identificação e contagens de cocolitóforos (nanofitoplâncton calcário). Estes são organismos-chave para o ciclo do carbono, sendo um dos principais exportadores de carbono atmosférico do oceano. Embora sejam um grupo típico de águas mais quentes, tem-se vindo a verificar uma expansão, associada ao aquecimento dos oceanos, da sua distribuição em direção às altas latitudes. Assim, é também nosso objetivo perceber se estes organismos estão a ocorrer mais frequentemente em águas antárticas, onde antes eram inexistentes.
Com a nossa chegada à Antártida, tivemos a possibilidade de passar pela base antártica brasileira (Estação Antártica Comandante Ferraz) e foi uma experiência única, pois tivemos a oportunidade de pisar em solo antártico e visitar uma base antártica. Conhecemos diferentes cientistas e os seus trabalhos na estação e pudemos ver e comparar as principais diferenças entre a vida a bordo de um navio de investigação e a vida em uma base.
Depois disso começamos a realizar as amostragens nos diferentes locais pretendidos. A primeira recolha de dados foi algo engraçada. Os experientes estavam a tentar lembrar-se de como as coisas se faziam e os mais novos estavam a tentar absorver tudo o que estava a acontecer. Agora já todos sabem: Quando a roseta sobe podemos recolher água das diferentes profundidades pretendidas e começar as análises.