Investigadora do MARE alerta: Antártida é fundamental para o oceano no mundo inteiro.

Catarina Frazão Santos, investigadora do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, está a desenvolver o primeiro projeto de ordenamento do espaço marinho de larga escala numa área de jurisdição internacional: a Antártida. O projeto PLAnT garantiu financiamento do ERC de cerca de 1,5 milhões de euros, tem uma duração de cinco anos e tem como objetivo definir o modelo de ordenamento de espaço marinho que funciona na Antártida.

Explica Catarina Frazão Santos no podcast Futuro do Futuro, do Expresso, que “a Antártida é um local que tem um sistema de governança único. Há um tratado, desde a década de 60, que faz com que todos os países tenham de ter uma atitude colaborativa sobre a região.” A Antártida possui recursos únicos, atividades humanas já a ser exploradas como a pesca comercial e o turismo, Estão já definidas Áreas Marinhas Protegidas mas, explica a investigadora “não existe um sistema de planeamento do uso do oceano. E com o aumento das pressões humanas e das alterações climáticas, é algo que nós advogamos que é necessário” para garantir a sustentabilidade da Antártida a longo prazo.

 

Tudo aquilo que acontece na Antártida não fica na Antártida. Todas as alterações climáticas, todo o degelo, tanto do ponto de vista mais físico como biológico, tem efeitos em todo o planeta”, diz a investigadora, acrescentando que é também que o projeto PLAnT pode ainda vir a ser útil para vários países que necessitam de um ordenamento marinho que acautele as alterações climáticas.

 

Questionada por Hugo Séneca sobre a possibilidade de exploração crescente da Antártida e eventual colonização da região, Catarina Frazão Santos responde que acredita que se o sistema que está em funcionamento perdurar, haverá uma pressão muito grande para que isso não aconteça. O objetivo do Tratado da Antártida é que a Antártida seja um local de colaboração internacional, ausência de militarização, paz, ciência e preservação do ambiente. "Se é uma das últimas regiões pristinas que temos, temos a obrigação de a conservar."

 

O episódio podcast Futuro do Futuro está disponível na íntegra aqui.