Para comemorar o Dia Nacional do Mar, dia 16 de novembro, a Biblioteca da FCT-NOVA (em colaboração com a DCEA-FCT e o MARE) convidou o capitão Charles Moore a relatar os últimos 20 anos de monitorização do lixo marinho nos oceanos perante um auditório com cerca de 500 pessoas.
Porque o tema tem o interesse, a relevância e a atualidade que conhecemos, o MARE voltou a desafiar o capitão Moore e organizou, conjuntamente com a FCUL, outra palestra que decorreu hoje, dia 20 de novembro, na Faculdade de Ciências (FCUL). Devido à grande afluência tendo em conta o auditório, o capitão acabou mesmo por dar duas palestras com plateia cheia.
Em ambas as palestras com co-organização do MARE, o capitão expôs, na primeira pessoa, como foi descobrir a primeira grande massa de lixo oceânico e a importância do trabalho que tem vindo a desenvolver. Em 1997, o Capitão Charles Moore trouxe para debate público o problema do plástico nos oceanos pelas piores razões: a descoberta da grande ilha de lixo no Pacífico Norte. A ilha, composta principalmente por plásticos, nunca parou de crescer desde então: e já atingiu uma área de 1,6 milhões de quilómetros quadrados – o que equivale a 17 vezes o tamanho de Portugal. Desde então, nas últimas duas décadas, o capitão tem estudado e monitorizado a acumulação de plásticos no mar.
Charles Moore partilhou o seu receio de estarmos perante um problema que a Humanidade poderá não conseguir resolver. Para ele, não há esperança de podermos limpar todo o plástico que existe nos nossos oceanos. Filtrar os plásticos do oceano está para além do orçamento que qualquer país pode suportar e poderia matar uma quantidade incalculável de vida marinha. Para além disso, enquanto limpamos, estamos a colocar no oceano, ao mesmo tempo e na mesma quantidade, o plástico retirado. “Clean up is not the answer, we have to re-design our world”. A solução, segundo Moore, é parar o plástico na sua origem, antes que vá parar ao oceano. Mas vivemos num “mundo embalado em plástico”, somos uma sociedade descartável: é impossível manter ou reciclar tudo o que consumimos.
O outro dos grandes problemas do plástico nos oceanos é o impacto na vida selvagem. Os peixes e as aves estão a ingerir plásticos de todos os tipos e tamanhos. Quanto mais tempo os plásticos permanecem na água, mais escurecem, e ao ficarem acastanhados, são mais facilmente confundidos por comida pelos diversos animais. Podemos comprar produtos orgânicos certificados, mas nenhum distribuidor de peixe pode vender-nos um peixe com certificação orgânica.
É este o legado que estamos a deixar às gerações futuras. “We have got to do more!”.
Ted Talk com o capitão Charles Moore aqui.
Nota: a vinda do capitão Charles Moore foi organizada pela investigadora Paula Sobral e contou com o apoio do American Corners e da APLM.