Há espécies de peixes que produzem substâncias tóxicas desconhecidas que afetam outros peixes

Os investigadores do MARE Rita Marques, José Neto e Frederico Almada viram publicado o seu mais recente artigo Exploring Bioactivities and Peptide Content of Body Mucus from the Lusitanian Toadfish Halobatrachus didactylus. Este trabalho resultou de uma colaboração entre o MARE-ISPA, a Univ. Católica do Porto e a Univ. Saint Joseph (Macau) num projeto financiado pela FCT-FDCT. Uma das razões que nos levou a explorar a bioatividade do muco de algumas espécies de peixes foi o facto de termos verificado anteriormente que algumas espécies produziam substâncias tóxicas desconhecidas que afetam outros peixes quando em espaços confinados. O xarroco (Halobatrachus didactylus) é uma dessas espécies e o contacto com outras espécies de peixes chega a resultar na morte destes últimos. 
 
Aquilo que viemos a verificar, graças a uma equipa multidisciplinar que inclui biólogos marinhos, especialistas em microbiologia e químicos, é que o muco destes peixes apresenta propriedades antimicrobianas, anti-hipertensivas e também antioxidantes. Estes resultados, especialmente o efeito contra diversas estirpes de bactérias, levaram-nos a patentear uma proteína específica. Vão certamente seguir-se muitos trabalhos até compreendermos melhor todos estes efeitos e avaliarmos a possibilidade de obter um produto que contribua para o nosso bem-estar. 
 
Entretanto estamos a aproveitar para aplicar a mesma metodologia a outras espécies de peixes que suspeitamos estarem a usar o muco da epiderme para outras funções ecológicas igualmente interessantes. Veremos o que esta linha de investigação, estranhamente esquecida até agora, nos poderá trazer para o futuro.