Terminou o LITTORAL22 e o resultado foi muito interessante. a "Carta da Costa da Caparica para Ação Climática Local - Compromissos para uma comunidade costeira sustentável, resiliente e adaptada aos desafios climáticos".
Os 150 participantes vindos de 27 países contribuíram a definição da carta que, acreditam os investigadores, contribuirá para "Adaptar as comunidades costeiras para um futuro sustentável e resiliente”. Foram quatro dias de trabalho em que foram apresentados e discutidos 109 trabalhos em diferentes áreas científicas: em que se realizou uma sessão com jovens, futuros profissionais nos domínios da sustentabilidade costeira e costeira onde estudantes portugueses e holandeses discutem os desafios que as comunidades costeiras enfrentam; em que se realizaram sessões específicas sobre a zona costeira de Almada, sobre sistemas dunares, sobre os projectos europeus CAPonLITTER e OceanWise e um workshop sobre sistemas de alerta de galgamento (projecto To-SEALERT); foi realizada uma visita de estudo à costa da Arrábida e Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa da Caparica e Mata dos Medos.
Em breve será lançado o e-BOOK da conferência onde se iniciou a elaboração de um numero especial do Journal of Coastal Conservation da Elsevier com trabalhos da conferencia. A excelência dos trabalhos apresentados e discutidos foi tal que permitiu à comissão organizadora recolher um conjunto de princípios, dos quais selecionaram os sete principais - a carta - que foi aprovada em plenário na sessão de encerramento do Littoral22 e pela Universidade Nova de Lisboa/ Faculdade de Ciências e Tecnologia, Câmara Municipal de Almada, pela Câmara Municipal de Almada, pelo MARE - Centro de Ciências do Mar e do Ambiente e pela Coast & Marine Union (EUCC) no passado dia 15 de setembro na Costa da Caparica.
1. Qualidade de vida
Uma comunidade com acesso universal aos serviços essenciais, incluindo habitação, alimentação, saúde, trabalho, segurança, educação. Uma comunidade socialmente menos vulnerável aos impactos das alterações climáticas. Uma comunidade com meios de vida resilientes ao clima.
2. Resiliência aos riscos e segurança
Uma comunidade menos vulnerável e mais resiliente aos perigos e riscos associados às alterações climáticas e aos desastres naturais e tecnológicos. Uma comunidade cuja segurança está assente numa estratégia e num plano de ação comunitário de adaptação às alterações climáticas, resposta, socorro e segurança. Uma comunidade com um sistema de aviso de eventos extremos.
3. Instituições, equidade social e intergeracional
Uma sociedade civil local e instituições governamentais com capacidade para implementar políticas públicas que promovam uma adaptação ao clima. Uma comunidade vibrante, harmoniosa e inclusiva, onde todos têm lugar e direito à realização pessoal e felicidade. Uma comunidade justa na adaptação às alterações climáticas. Uma comunidade empoderada e ativa.
4. Vitalidade económica
Uma comunidade economicamente realizada assente numa economia descarbonizada com base nos recursos e valores locais. Uma comunidade que aposta na economia azul, circular, mais adaptada e menos vulnerável aos impactos das alterações climáticas.
5. Mobilidade descarbonizada
Uma comunidade com acesso a uma rede de transportes públicos e a uma rede de mobilidade suave promotoras de uma conectividade eficiente e descarbonizada.
6. Qualidade ambiental
Uma comunidade com acesso a uma infraestrutura verde e azul promotora de serviços de ecossistema de qualidade e elevada biodiversidade. Uma comunidade com acesso a espaços públicos, habitação, água, saneamento e ar de qualidade. Uma comunidade mais preparada para a adaptação com soluções de base natural às alterações climáticas.
7. Governância adaptativa, envolvimento ativo e literacia
Uma comunidade capacitada, ativa, emancipada e coresponsabilizada. Adaptação baseada na comunidade.