Source-to-Sea Landscape: Gestão integrada dos Recursos Hídricos e da Paisagem

A investigadora do MARE Adriane Michels-Brito é primeira autora do artigo científico “The Source-to-Sea Landscape: A hybrid integrative territory management approach”, recentemente publicado na revista Science of The Total Environment. Este artigo contou ainda com a colaboração dos Professores José Carlos Ferreira, da FCT/NOVA e membro do MARE, e Professor Carlos Hiroo Saito, do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília e da Global Water Partnership, representação da América do Sul.

Quer seja doce ou salgada, a água forma um sistema complexo ligado à paisagem. Quando a paisagem é alterada, os fluxos de água e os seus benefícios são afectados. Apesar disso, geralmente a governação e a gestão da paisagem e dos recursos hídricos são abordadas de forma independente. Por essa razão, no estudo liderado por Adriane Michels-Brito, os investigadores utilizaram uma abordagem mais integrativa. 

"Esta investigação explorou as interações e conexões entre a abordagem "Source-to-Sea", os conceitos e abordagens de paisagem e as diretrizes da Convenção Europeia da Paisagem”, começa por explicar Adriane Michels-Brito. “O principal objetivo foi identificar e avaliar a viabilidade de integrar esses elementos. A integração resultou em uma abordagem de governança e gestão denominada abordagem Source-to-sea Landscape (S2S Landscape). Ela é baseada no pensamento sistêmico, aprendizado prático, participação ativa e governança e gestão adaptativas, proporcionando uma visão integrada entre paisagem e água”. 


Esta abordagem inclui quatro etapas essenciais (Compreensão, Envolvimento, Planejamento, e Execução e Monitoramento) que abordam as conexões complexas que a água doce e marinha mantêm na paisagem, considerando aspectos físicos, biológicos, socioambientais e econômicos em todos os segmentos, desde a terra até o mar aberto.
Deste modo, a água é considerada como um fio condutor que conecta uma tapeçaria diversificada de ambientes. Cada ambiente desempenha um papel único, mas todos são peças de uma paisagem maior e interconectada. Ações em um único local reverberam por toda a paisagem, criando uma teia de conexões complexas.

“Essa visão holística da abordagem S2S Landscape ajuda-nos a entender a complexa relação entre a água e os ecossistemas e como nossas ações em relação à água afetam a paisagem e vice-versa. Considerar a paisagem é essencial no setor de recursos hídricos”, continua a investigadora. “É como examinar o corpo (a paisagem) e seu sistema venoso (a água), compreendendo suas conexões internas dentro desse corpo e suas interações externas com o universo. À medida que a interação entre a água e a paisagem muda, o contexto físico, biológico e cultural também se transforma”.

Adriane Michels-Brito considera que “a abordagem S2S Landscape pode ser a chave para enfrentar os desafios de governança e gestão sustentável de recursos em um mundo interconectado e em constante evolução.”

 

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