Nesta página será transportado para a emocionante expedição a bordo do navio Polar Almirante Maximiano.
Acompanhe de perto o diário de bordo dos intrépidos cientistas do MARE, Afonso Ferreira e Graça Sofia Limeira, durante as missões de investigação dos projetos polares da campanha PROPOLAR 2024-2025.
Maravilhe-se com as descobertas, desafios e momentos inesquecíveis desta jornada no coração das águas geladas!
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02/02/2025
Chegada a Antártida
Querido diário de campanha, após uma passagem calma pelo estreito de Drake, chegámos à Antártida.
Durante o estreito de Drake, ainda tivemos a oportunidade de recolher algumas amostras, para identificação e contagens de cocolitóforos (nanofitoplâncton calcário). Estes são organismos-chave para o ciclo do carbono, sendo um dos principais exportadores de carbono atmosférico do oceano. Embora sejam um grupo típico de águas mais quentes, tem-se vindo a verificar uma expansão, associada ao aquecimento dos oceanos, da sua distribuição em direção às altas latitudes. Assim, é também nosso objetivo perceber se estes organismos estão a ocorrer mais frequentemente em águas antárticas, onde antes eram inexistentes.
Com a nossa chegada à Antártida, tivemos a possibilidade de passar pela base antártica brasileira (Estação Antártica Comandante Ferraz) e foi uma experiência única, pois tivemos a oportunidade de pisar em solo antártico e visitar uma base antártica. Conhecemos diferentes cientistas e os seus trabalhos na estação e pudemos ver e comparar as principais diferenças entre a vida a bordo de um navio de investigação e a vida em uma base.
Depois disso começamos a realizar as amostragens nos diferentes locais pretendidos. A primeira recolha de dados foi algo engraçada. Os experientes estavam a tentar lembrar-se de como as coisas se faziam e os mais novos estavam a tentar absorver tudo o que estava a acontecer. Agora já todos sabem: Quando a roseta sobe podemos recolher água das diferentes profundidades pretendidas e começar as análises.
28/01/2025
Primeiro dia completo a bordo
Canais Chilenos
Querido diário de campanha, esta longa viagem começou com um voo comercial de 6 horas de Lisboa (Portugal) até São Paulo (Brasil). Após a nossa chegada ao Brasil, ainda tivemos de andar em um voo comercial, dois autocarros e um voo militar da Força Aérea Brasileira (FAB) até que chegámos ao Chile. Finalmente, no dia 24 de janeiro, podemos conhecer a nossa casa e local de trabalho para esta expedição: o navio Polar Almirante Maximiano!
O nosso primeiro dia a bordo, 25 de janeiro, foi um dia atarefado. Começámos o nosso trabalho por organizar o nosso laboratório, aka "Laboratório do ROV". Preparar um laboratório num navio é algo diferente do normal, uma vez que é preciso muita atenção onde colocar os equipamentos e prender tudo muito bem, principalmente quando o mar fica "bravo". Nestes momentos, contamos com o apoio de um grupo de cerca de 20 cientistas brasileiros pertencentes aos projetos ImpactANT e PRO-SAMBA, que nos acompanharam durante toda a expedição.
Estamos agora a caminho da Antártida para continuar a estudar o fitoplâncton nesta região tão importante. Para isso vamos recolher amostras de água para a determinação e quantificação de pigmentos a várias profundidades ao longo da coluna de água. Os pigmentos permitem caracterizar o estado das comunidades de fitoplâncton, mas também nos dão a possibilidade, pela quimiotaxonomia, de identificar os principais grupos de fitoplâncton. A identificação será validada através da recolha, em simultâneo, de amostras de espécies fitoplanctónicas para serem futuramente analisadas ao microscópio.
A informação obtida in-situ será utilizada para validar e complementar dados obtidos a partir de satélites de cor do oceano, que também permitem estudar o fitoplâncton a uma escala espácio-temporal maior. Neste âmbito, um dos focos do PHYTO-SHIFT é a validação de observações do novo satélite da NASA, o PACE (Plankton, Aerosol, Cloud, ocean Ecosystem), cuja principal vantagem é a aquisição de dados radiométricos com uma resolução espetral sem precedentes. Isto irá permitir estudar as comunidades de fitoplâncton com mais detalhe.
Por agora é isto! Para já, estamos nos Canais Chilenos. Trazemos atualizações depois na nossa passagem pelo estreito de Drake e quando já estivermos em águas antárticas. Boas navegações e até mais!
Figuras,
Cima: Foto de grupo dos cientistas que vão embarcar na expedição, no âmbito dos projetos PHYTO-SHIFT, ImpactANT e PRO-SAMBA).
Baixo Esquerda: Momentos da preparação do laboratório em que se realizarão as amostras para estudar o fitoplâncton.
Baixo Direita: A nossa localização atual, em plenos Canais Chilenos e rumo à Antártida.