Será que tal como se faz reflorestação das nossas florestas terrestres também é possível reflorestar as nossas florestas marinhas? Os investigadores do MARE-Politécnico de Leiria acreditam que sim e que essa “é a inspiração”.
As florestas de kelp, florestas de grandes macroalgas castanhas, muitas vezes conhecidas como fitas, sargaço, golfo, laminárias, cacholas, etc. oferecem-nos uma panóplia de bens e serviços que muitas vezes não reconhecemos. São habitats de elevada biodiversidade, que também contribuem para a nossa alimentação (de forma direta e indireta), produção de biomassa, oxigénio e também na absorção de dióxido de carbono, e em certa medida, no seu armazenamento. Em muitas regiões também tem uma dimensão étnica e cultural.
Por isso a proteção destes ecossistemas passa inevitavelmente pelo aumento do conhecimento científico e fomento de literacia dedicada às nossas florestas marinhas”, explica o investigador do MARE João Franco.
Às vezes repara que os jovens sabem muitas coisas sobre os recifes de coral das águas tropicais, mas desconhecem as florestas marinhas que existem no nosso "seu quintal", realça João. Além disso, na nossa costa, o conhecimento científico in situ destes ecossistemas ainda é bastante limitado, quando comparamos com outras regiões do globo.
“Temos vindo a trabalhar para aumentar o conhecimento ecológico das nossas florestas marinhas e também a testar, melhorar e implementar soluções para a reflorestação marinha onde eventualmente seja necessária. Este processo passa, não só pelo conhecimento dos ecossistemas em causa, mas também das diferentes espécies que fazem parte das florestas marinhas. Neste caso as florestas de kelp são habitats de elevada importância ecológica que, além de suportarem uma biodiversidade distinta, oferecem-nos muitos outros bens e serviços que todos nós, de forma mais ou menos direta usufruímos no nosso dia a dia” explica João Franco.
Informação relevante que teve direito a artigo na Oceanographic. Uma revista relativamente recente com uma ótima projeção a nível global. Na revista “podemos encontrar histórias inspiradoras sobre projetos revolucionários no âmbito da conservação, aventura e exploração, assinadas por storytellers exímios, aliadas a imagens de alguns dos melhores fotógrafos de natureza/aventura/conservação do mundo. Além da presença online, mantêm a publicação física, algo que atualmente escasseia, aliando um grafismo e uma qualidade de papel soberbos, numa revista de 500 g estilo "coffee table collectible". Nas palavras do famoso fotógrafo subaquático David Doubilet, também ele colaborador da revista: "A piece of pure publishing joy". Estamos felizes por ter o nosso "espaço" na revista", explica o investigador Nuno Vasco Rodrigues, que é colaborador da revista tendo já duas histórias publicadas no passado, escrevendo sempre no âmbito de projetos de ciência e conservação, que ilustra com as suas imagens.
Neste momento os investigadores estão envolvidos em vários projetos de investigação (ex.: EEA-Blueforests e EEA - Blueforesting)– sempre com o foco nos habitats marinhos, incluindo as florestas de kelp na nossa costa.
A ideia é aumentar o conhecimento ecológico destes ecossistemas em declínio, quantificar a sua importância ecológica e económica e apresentar soluções de recuperação. Tudo através de soluções baseadas na natureza.
©Legenda: "Gravel of hope" é uma história sobre a regeneração dos oceanos. "Uma solução simples e de baixo custo para restaurar as florestas subaquáticas pode conter algumas respostas cruciais para combater os efeitos das alterações climáticas".