Entre os dias 6 a 10 de novembro de 2023, a Universidade de Évora recebeu a reunião anual do grupo de trabalho “WGTRUTTA - Working Group to develop and test assessment methods for sea trout populations (anadromous Salmo trutta)”. Este grupo integra um conjunto de investigadores de 19 países da União Europeia que, sob a chancela do CIEM – Concelho Internacional para a Exploração dos Mares, procura desenvolver e testar metodologias comuns e padronizadas que permitam monitorizar a evolução das populações de truta-marisca, a forma migradora da espécie Salmo trutta, ao longo de toda a sua área de distribuição natural, e propor recomendações com vista à sua gestão e proteção à escala europeia. Em Portugal, a forma migradora desta espécie ocorre apenas nas bacias hidrográficas entre o Minho e o Mondego, tendo sido classificada como Criticamente em Perigo pela última revisão do Livro Vermelho dos Peixes de Água Doce e Migradores, publicada em 2023.
De acordo com Carlos Alexandre, investigador da Universidade de Évora, do MARE-Centro de Ciências do Mar e do Ambiente e do ARNET – Rede de Investigação Aquática, e um dos representantes nacionais neste grupo de especialistas, “Portugal representa o limite sul de distribuição global da truta-marisca e é a região onde esta espécie está mais vulnerável às várias ameaças existentes, sobretudo as relacionadas com a perda de habitat devido à construção de obstáculos nos rios e às alterações climáticas. A participação dos investigadores nacionais neste grupo de trabalho, os contributos que a equipa do MARE/Universidade de Évora tem feito para as avaliações efetuadas, e o conhecimento que tem sido obtido ao longo dos últimos seis anos de trabalho, são fundamentais para a proteção e conservação desta espécie, não só à escala nacional, mas também à escala global”.
Para além do trabalho realizado durante esta semana na Universidade de Évora, foi também realizada uma visita dos vários especialistas internacionais ao Posto Aquícola de Campelo, gerido pelo Município de Figueiró dos Vinhos e onde, sob a supervisão técnica e científica do MARE/Universidade de Évora, têm sido desenvolvidos trabalhos inovadores dirigidos à produção de trutas assilvestradas, ou seja, indivíduos com maior probabilidade de sobrevivência na natureza e que visam a otimização do sucesso das ações de repovoamento e reforço populacional desta espécie.