A investigadora do MARE Ashlie J. McIvor é primeira autora do artigo “Mark-recapture validates the use of photo-identification for the widely distributed blue-spotted ribbontail ray, Taeniura lymma”, recentemente publicado na prestigiada revista científica Scientific Reports do grupo Nature. No estudo publicado, os investigadores utilizaram os padrões das manchas dorsais de uges-de-manchas-azuis para identificar indivíduos em específico, comparando este método com outros mais tradicionais.
As uges-de-manchas-azuis (Taeniura lymma), é um peixe cartilagíneo amplamente distribuído pelos recifes de coral do Oceano Indo-Pacífico. Esta espécie de Uge deve o seu nome às suas manchas azuis conspícuas na superfície dorsal e duas listras azuis ao longo das bordas dorsolaterais da cauda.
O declínio das populações de tubarões a nível global, e a consequente diminuição da predação, levaram à especulação de se verificar um aumento das populações de uges-de-manchas-azuis. No entanto, para isto ser confirmado, é necessário reunir-se mais informações sobre as tendências populacionais desta espécie.
A capacidade de identificar facilmente indivíduos desta espécie por meio de foto-ID facilitaria muito a coleta dessas informações. Para além disso, O monitoramento de populações regionais de T. lymma por meio de foto-ID pode auxiliar na compreensão das respostas comportamentais e populacionais da espécie à degradação do habitat, bem como fornecer insights de gerenciamento baseados em evidências para pescarias de pequena escala que capturam a espécie.
Neste contexto, uma equipa de investigadores integrada pela investigadora do MARE Ashlie J. McIvor, compararam a eficácia deste método de identificação inovador, com métodos de marcação mais tradicionais. Para isso, os investigadores não só avaliaram a precisão do uso de padrões de manchas dorsais exclusivos de uges-de-manchas-azuis para identificação individual, mas também examináram a longevidade desses padrões de manchas para avaliar a adequação do uso de foto-ID para monitoramento de longo prazo. Para garantir a confiabilidade da foto-ID, este método foi combinado marcação de recaptura para garantir que nossas avaliações de foto-ID sejam baseadas em recapturas verificáveis.
Este estudo mostrou que os padrões de manchas são únicos para cada indivíduo da espécie T.lymma com 90,3% dos indivíduos identificados corretamente usando o software de correspondência de fotos I 3 S, a partir de imagens tiradas com até 496 dias de intervalo. Em comparação, os métodos tradicionais de marcação física mostraram uma taxa de perda de marcação de 27% e um período máximo de retenção de marcação de apenas 356 dias. Isto significa que a identificação de indivíduos de uges-de-machas-azuir por foto-ID se revela um método eficaz, tornando-se numa ferramenta importante para monitorizar as populações desta espécie e compreender melhor a sua ecologia, sem se recorrer a métodos mais invasivos.
A validação da foto-identificação para uges-de-manchas-azuis é extremamente importante, uma vez que ao se tratar de uma espécie dependente dos recifes de coral e com uma distribuição abrangente, permite acompanhar facilmente as alterações comportamentais e demográficas em relação às ameaças costeiras, como o desenvolvimento humano e a degradação do seu habitat.
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