Recentemente publicado na revista científica Marine Environmental Research, o estudo "Turning up the heat: Effects of temperature on agonistic acoustic communication in the two-spotted goby (Pomatoschistus flavescens)", estudou o efeito da temperatura na comunicação acústica entre góbios.
A comunicação acústica é crucial em muitos animais, mas no atual cenário de alterações climáticas, os sinais sonoros podem ser afetados pelo aumento da temperatura. Isto é particularmente relevante em organismos ectotérmicos como os peixes. De notar que debaixo de água o som pode ser muito importante para os animais obterem informação sobre o ambiente e para comunicar. De tal maneira que muitos peixes produzem sons em interações sociais, principalmente durante a época de reprodução.
Neste contexto, uma equipa de investigadores, na qual integram os investigadores do MARE Manuel Vieira, Raquel O. Vasconcelos e M. Clara P. Amorim, em colaboração com investigadores do CIIMAR, CE3C, Universidade Lusófona e Universidade de Saint-Étienne (França), estudou em laboratório o efeito de diferentes temperaturas nas caraterísticas acústicas dos sons produzidos pelos machos durante a defesa territorial. Verificou-se que a temperaturas mais elevadas os sons agonísticos eram mais curtos, tinham menos pulsos e intervalos entre pulsos mais curtos, mas a frequência sonora não foi afetada. Neste estudo também se caracterizou pela primeira vez a audição destes animais que revelaram uma maior sensibilidade abaixo dos 400 Hz, correspondendo à banda de frequências dos sons produzidos. Os resultados deste trabalho sugerem que o aumento da temperatura pode potencialmente afetar a comunicação acústica nesta espécie, através da diminuição da duração dos sons produzidos.
Este estudo é um dos vários estudos que o MARE tem participado para compreender melhor o efeito da temperatura nos peixes, usando como modelo o góbio-nadador (Pomatoschistus flavescens).
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