Paula Sobral em entrevista com a Greensavers – “Não há sinais de abrandamento nesta crise ambiental”

Em entrevista à revista de sustentabilidade Greensavers, a investigadora do MARE Paula Sobral sobre a crise ambiental que é a poluição marinha por microplásticos. 

Investigadora do MARE, Professora na Universidade Nova de Lisboa e Fundadora da Associação Portuguesa do Lixo Marinho (APLM), Paula Sobral é uma das maiores especialistas em microplásticos e lixo marinho do país. Por essa razão, em celebração do Dia internacional da Limpeza Costeira, a investigadora foi entrevistada pela Greensavers para a sensibilização deste problema crescente que é a poluição dos oceanos.

Como explica Paula Sobral “os plásticos, ao degradarem-se, formam microplásticos, e potencialmente nanoplásticos, cujos efeitos podem ser devastadores tanto para os ecossistemas marinhos como para a saúde humana. Além disso, muitos desses plásticos estão contaminados com substâncias tóxicas, que se acumulam na cadeia alimentar”, causado problemas em todos os níveis tróficos. Esta acumulação revela-se principalmente através de problemas endócrinos e de infertilidade.

Apesar disso, “a ligação direta entre a exposição aos micro e nanoplásticos no ambiente e os efeitos na saúde humana ainda não está completamente compreendida”.  Segundo a investigadora do MARE existem “estudos laboratoriais (que) têm mostrado que os nanoplásticos podem induzir processos inflamatórios em células humanas, como as do pulmão e do intestino, o que pode levar ao desenvolvimento de doenças mais graves”, mas “muito mais investigação é necessária para determinar o seu impacto concreto e fazer uma avaliação de risco”.

Qual a origem destes detritos? Paula Sobral responde “A origem do lixo marinho é diversa, e para melhorar a situação do ponto de vista tecnológico, é fundamental uma gestão de resíduos eficiente, especialmente nos países onde ela ainda é inexistente. Um dos maiores problemas é que em muitos países, sobretudo os menos desenvolvidos, não há infraestruturas para tratar os resíduos, levando as populações a queimar o lixo a céu aberto ou a descartá-lo em canais e rios, que acabam por levá-lo ao oceano”.

A solução para esta crescente crise ambiental passa não só pela ciência mas também pela  educação. “A ciência é crucial para entender e quantificar os impactos negativos do lixo marinho. Através da investigação, podemos comprovar os efeitos adversos dos plásticos e outros resíduos no ambiente marinho e na saúde humana”. “Por outro lado, a educação é igualmente importante, pois é um pilar essencial para promover a consciencialização e mudança de comportamentos.”.

Para a investigadora do MARE Paula Sobral “a combinação de ciência e educação é essencial para enfrentar o desafio do lixo marinho e criar soluções duradouras para um ambiente mais limpo e saudável”.

 

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