Tubarões em Perigo: Investigador Rui Rosa em entrevista à RTP África

No âmbito da Tropical Summit, os investigadores Bernardo Duarte e Vanessa Fonseca organizaram uma sessão especial de entrevistas para a RTP África, centrada no tema "Oceano e Zonas Costeiras" nas regiões tropicais. Um dos principais entrevistados foi o investigador Rui Rosa, que, em pouco mais de dez minutos, abordou a importância dos tubarões nas cadeias tróficas marinhas e as ameaças que enfrentam. 
 
De acordo com Rui Rosa, a cada minuto, cerca de 190 tubarões são mortos por ação humana, totalizando cerca de 100 milhões de animais anualmente. Com esses números alarmantes, o investigador começa a explicar a gravidade da situação: “Os tubarões desempenham um papel importantíssimo na estrutura trófica das cadeias tróficas marinhas. E, portanto, ao removê-los estamos, efetivamente, a desequilibrar o sistema e, obviamente, tem efeito de cascata”.
 
Esta perturbação nos equilíbrios ecológicos tem levado à ameaça de extinção de 40% das espécies em todo o mundo, um número que Rui Rosa classifica como “assustador”. O investigador destaca que, em alguns locais, essa ameaça é ainda mais grave. Por exemplo, em Cabo Verde, a taxa de espécies em risco sobe para 60%, e particularmente, em São Tomé, 70% das espécies estão a desaparecer.
 
Além das alterações climáticas, responsáveis pelas Dead Zones que afetam diretamente os tubarões, a pesca intensiva é uma das principais causas de ameaça. Rui Rosa sublinha as diversas razões pelas quais os tubarões são capturados, como a pesca comercial, o consumo de carne e a demanda por barbatana para a famosa “Sopa de barbatana de Tubarão”.
 
Qual a solução? Para Rui Rosa, a resposta passa pela criação de Áreas Marinhas Protegidas, especialmente em locais como São Tomé, onde foi recentemente identificado um berçário de tubarões e onde se encontram algumas das espécies mais emblemáticas, como o tubarão-martelo. 
 
Outra medida fundamental, passa muito pela educação ambiental. “É preciso fazer-se trabalho de educação ambiental e mostra que, é mais valioso mantê-los vivos do que retirá-los do ecossistema”, refere o investigador. Para além da diminuição do consumo direto de tubarão, através da sensibilização do público, pretende-se a diminuição da produção de outros produtos derivados, desde fatos-de-banho, a cosméticos e até mesmo de sapatilhas de futebol.
 
“Além da educação ambiental, nosso papel é fornecer dados científicos para que os decisores políticos possam estabelecer áreas de conservação específicas para esses animais”, conclui Rui Rosa, destacando o papel fundamental dos investigadores na preservação dos tubarões e na proteção dos ecossistemas marinhos.
 
 
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Fotografia de capa fornecida pelo MARE-ISPA