Estudo revela que a Macaronésia e Cabo Verde são zonas de prioridade alta para a conservação de tubarões no Atlântico Norte

Os investigadores do MARE Rui Rosa, Jaquelino Varela, Catarina Pereira Santos, Emanuel Nunes, Vasco Pissarra e Tiago Repolho são coautores do artigo “Sharks in Macaronesia and Cabo Verde: species richness, conservation status and anthropogenic pressures”. 

O estudo publicado na semana passada, revela que 78 espécies de tubarões ocorrem na Macaronésia e Cabo Verde, e que dentro desta região, as Canárias apresentam a maior riqueza específica (56 espécies), seguido de Cabo Verde (53 espécies), Madeira (52 espécies) e Açores (45 espécies). Do ponto de vista da conservação, o estudo revela que Cabo Verde se encontra sobre uma maior magnitude e diversidade de ameaças, com 66% das espécies em perigo iminente de extinção. A pesca, alterações climáticas e degradação de habitat são as principais ameaças. Os investigadores chamam a atenção para a pouca proteção que o atual quadro jurídico e governança oceânica oferecem aos tubarões no arquipélago. Por exemplo, em termos de áreas marinhas protegidas, Cabo Verde tem menos de 1% da sua Zona Económica Exclusiva protegida e deixando de fora zonas críticas para conservação de tubarões.

“Este estudo fornece dados valiosos e reforça a necessidade urgente de mais estudos e uma maior proteção de tubarões nas águas de Cabo Verde”. (Afirma biólogo cabo-verdiano, Jaquelino Varela, aluno de doutoramento do MARE)

O trabalho identificou as 10 espécies prioritárias de conservação para cada arquipélago e constatou que as 6 primeiras são as mesmas e são tubarões pelágicos. Este resultado suporta a ideia anteriormente proposta de declaração de um corredor migratório na região que garanta alguma forma de proteção a estas espécies. 

“Um achado interessante deste trabalho é que a comparação das espécies de tubarões entre os arquipélagos estudados aponta para a exclusão de Cabo Verde da região biogeográfica da Macaronésia. Um outro achado científico curioso é que não se encontra nenhuma espécie ovípara em Cabo Verde, enquanto 6 são encontradas nos outros arquipélagos” (acrescenta Jaquelino Varela)

O estudo foi desenvolvido por investigadores cabo-verdianos e portugueses (Universidade de Lisboa, MARE/ARNET, Associação Sphyrna, Inspeção Geral das Pescas, Associação Biosfera, Universidade Técnica do Atlântico e Universidade do Porto) no âmbito do projeto de investigação NGANDU, liderado pelo investigador Rui Rosa, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e pela Rede Aga Khan para o Desenvolvimento (FCT AGA-KHAN/541746579/2019). O trabalho encontra-se publicado na revista científica internacional Frontiers in Marine Science, podendo ser consultado na íntegra AQUI

 

Texto obtido por Press Release

Fotografia da Associação Shpyrna