Um novo estudo publicado na revista Science alerta para a necessidade de se reduzir o impacto das atividades humanas nos ecossistemas aquáticos. Este estudo é da autoria de uma equipa de 150 investigadores pertencentes a 40 países diferentes, na qual integram os investigadores do MARE Verónica Ferreira e Manuel Graça.
O estudo estima as taxas de decomposição de matéria orgânica em ecossistemas de água doce (uma fonte de emissões de carbono) a nível global. A decomposição de matéria orgânica produzida pela floresta que ladeia os cursos de água é um processo fundamental nos ribeiros florestados, estando na base das teias alimentares aquáticas.
O trabalho de campo decorreu em 550 rios de todo o mundo, onde os cientistas levaram a cabo um ensaio padronizado para avaliar a taxa de decomposição de pequenos pedaços de tecidos de algodão (constituído maioritariamente por celulose, um composto vegetal muito abundante na Terra). Com base nestes testes, foram, posteriormente, utilizados modelos preditivos e algoritmos de machine learning para estimar as taxas de decomposição de celulose e de folhas de várias espécies para várias áreas do globo.
A nível global, este trabalho lança um alerta para a necessidade de redução dos impactos humanos nos cursos de água, o que permitirá evitar a libertação de CO2 para a atmosfera e contribuir para o controlo das alterações climáticas. «Quando pensamos em emissões de gases de efeito estufa, tendemos a associar às emissões dos automóveis e da indústria, mas os ecossistemas aquáticos também libertam dióxido de carbono (CO2) e metano, em resultado dos processos naturais que lá ocorrem», revela Verónica Ferreira.
O estudo aponta, de forma inequívoca, para o impacto determinante que os seres humanos estão a ter nas taxas de decomposição da matéria orgânica nos rios à escala global. Esta descoberta está ilustrada pelos mapas apresentados no artigo, de acesso gratuito através de um site construído pelos autores.
«Esta ferramenta de mapeamento online permite que qualquer pessoa perceba com que rapidez os diferentes tipos de folhas se podem decompor nos rios locais», explica Manuel Graça, acrescentando que «a sua utilização permite obter uma estimativa das taxas de decomposição foliar mesmo em rios que não tenham sido alvo de investigação prévia».
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