Uma equipa de investigadores e de repórteres, liderada pelo investigador do MARE André Afonso, seguiu a bordo de uma expedição ao largo de Fernando de Noronha. Capturaram alguns tubarões para lhes inserir transmissores e poder monitorizar as suas atividades.
Escoltada por golfinhos, a equipa que segue a bordo da expedição foca-se no tubarão-tigre e no tubarão limão. O local? Aquela ilha vulcânica a 350 quilómetros ao largo da costa nordeste do Brasil. Sempre se achou, em Fernando de Noronha, que o tubarão era uma espécie migratória. Afinal, ao começar a estudar a presença de tubarões na Ilha, o investigador do MARE André Afonso vê uma taxa de residência elevada – por vários anos seguidos esta espécie tem usado o arquipélago.
Mas foram os incidentes recentes que chamaram a atenção para este pedaço do Atlântico. Incidentes que eram, até então, mais comuns em Recife, conhecido como um dos sítios mais perigosos do mundo, e onde o investigador fez o seu doutoramento.
Assim, e devido aos ataques recentes, o Repórter Aventura procurou o investigador do MARE para documentar a expedição que este ia fazer para perceber o que se passava na ilha. Porque é que os tubarões estavam a atacar? Como é que estes tubarões partilham o espaço e os recursos?
A chave para a descoberta é o rastreamento de tubarões. “Ponho transmissores nos tubarões para saber não só comportamentos migratórios para outras áreas, mas também como é que eles utilizam os diferentes habitats da área marinha. Ainda por cima Fernando Noronha é uma reserva UNESCO, uma Área Marinha Protegida o que torna o caso de estudo interessante”, explica o investigador do MARE que conta que “depois de começar o meu projeto é que começaram a suceder os incidentes com humanos, consequência do aproveitamento ecoturístico como também das próprias ações de conservação que acabam por conservar os alimentos desses tubarões e eles ficam mais tempo na ilha”.
A reportagem demonstra como, a cerca de quatro quilómetros da Costa, tentam capturar tubarões tigre e limão. Uma das imagens é a “sala de cirurgia” a bordo onde os transmissores são inseridos na espécie, e se faz a coleta de material genético e das medidas do animal. As respostas? No que à parte dos transmissores satélite respeita, que registam dados de profundidade, os resultados só serão obtidos passados três meses. No entanto, em relação à marcação acústica (transmissor dentro da barriga) já demora alguns anos.
O investigador, que morou 10 anos no Brasil, e chegou inclusivamente a morar na ilha, revela: “De ano a ano vou à Ilha para continuar a monitorização”. Os resultados são essenciais e serão partilhados para que se possa entender esta espécie e tomar as medidas necessárias. Tubarões e pessoas merecem viver tranquilamente, e as águas de Fernando de Noronha continuar a ser disfrutadas por residentes e turistas.
Assista à reportagem aqui: https://youtu.be/qgPQgAI9PFs