De ingrediente ancestral a oportunidade moderna, a bolota promete surpreender pelo seu valor nutricional, versatilidade e impacto nas comunidades locais. Uma investigação do MARE mostra um novo olhar para um alimento esquecido que pode ser a chave para soluções inovadoras e sustentáveis.
Uma equipa de investigadores do MARE acredita que as bolotas podem ser utilizadas na alimentação humana enquanto um superalimento sustentável e multifuncional. Desenvolveram, para isso, um estudo que integra o projeto MEDACORNET e que tem como objetivo desenvolver novos produtos alimentares, à base de bolota, e promover uma alimentação mais sustentável e diversificada.
Historicamente utilizada na alimentação humana e animal, principalmente em períodos de escassez, a bolota é agora reavaliada como um recurso valioso. Rico em carboidratos, fibras, antioxidantes e propriedade bioativas, este fruto seco apresenta benefícios significativos para a saúde, podendo ter diversas aplicações como farinha para pão, substituto de café, ou noutras combinações alimentares.
Para além disto, a pesquisa conduzida por Raúl Bernardino, Susana Bernardino, Leonardo Inácio e Clélia Afonso, aborda ainda a versatilidade deste fruto na indústria cosmética, têxtil e farmacêutica, graças aos componentes da bolota rica em taninos, essenciais para o curtimento de couro e produção de corantes naturais.
A sustentabilidade e economia circular também estão no centro do estudo do MARE. A equipa de investigadores defende ainda que a utilização da bolota pode ajudar na preservação da biodiversidade e na regeneração de ecossistemas agroflorestais. Deste modo, sistemas baseados na exploração sustentável do fruto podem promover práticas agrícolas maus resilientes, reduzindo o desperdício e promovem uma economia circular.
Métodos como a biorrefinaria, que potencia o aproveitamento da biomassa, tornam-se importantes, minimizando resíduos. Graças a esta abordagem a bolota pode ser transformada, através de uma alternativa economicamente viável e ambientalmente responsável.
Portugal, por estar inserido na região mediterrânica, é o território perfeito para este tipo de produção. Por ser um território onde espécies como Quercus ilex e Quercus suber predominam, as bolotas têm características únicas em termos de sabor, textura e composição nutricional. Estas são espécies que se adaptam bem ao clima da região, marcado por verões quentes e secos e invernos amenos, o que torna estes frutos numa matéria-prima acessível e sustentável.
Graças a este estudo dos investigadores do MARE, será possível combinar inovação, sustentabilidade e tradição, onde a bolota surge como uma solução promissora para enfrentar desafios alimentares e da preservação ambiental, caminhando para um futuro mais verde e equilibrado.
Texto obtido por press release