No passado dia 22 de fevereiro, decorreu no âmbito do projeto OneAquaHealth, uma caminhada ao longo da Ribeira de Coselhas. Acompanhados por investigadores do MARE, os 30 participantes tiveram a oportunidade de conhecer a biodiversidade local.
“Nós quisemos mostrar às pessoas o que é que há de interessante em termos de biodiversidade” refere a investigadora Maria João Feio em entrevista ao Diário de Coimbra.
Apesar de passar perto do centro urbano, a ribeira apresenta trechos naturais e bem preservados, com salgueiros, amieiros e choupos. Contudo, segundo a investigadora do MARE, a presença de espécies invasoras tem dificultado o desenvolvimento de outras plantas.
Com mais de 47 espécies identificadas nas suas margens e águas, Maria João Feio observa que esses sinais são indicativos de boa qualidade ecológica. "Encontramos aqui nesta zona da ribeira um grupo de espécies que são bastante sensíveis, mas noutros locais já não as encontramos devido à degradação”, explica. Para além dos crustáceos, moluscos e larvas de insetos, “aqui encontramos (também) duas espécies de peixes muito interessantes” afirma a investigadora. “Uma é a enguia (…) e outro é o Ruivaco. Os dois são endémicos da Península Ibérica (…) e portanto, (a sua presença) tem uma importância muito grande em termos de conservação”.
Com o intuito de restabelecer o equilíbrio dos ecossistemas nas cidades, os investigadores estão a monitorizar indicadores de alerta precoce para avaliar o equilíbrio do ecossistema e fornecer, aos decisores, ferramentas que permitam decisões adequadas e atempadas. Para além disso, o trabalho de campo dos investigadores, passa também por sensibilizar a população sobre a importância da conservação das ribeiras, que ao longo dos anos foram alteradas de diferentes maneiras.
Durante o seu estudo e monitorização, são encontradas frequentemente tubulações que despejam esgoto diretamente no curso de água, e canais de captação para irrigação de jardins e hortas, açudes e outras barreiras que afetam o fluxo natural das espécies. “Estas ribeiras têm sido muito esquecidas em todos os aspetos, tanto pela população como até na monitorização oficial dos rios”, afirma Maria João Feio.
Apesar disso, a investigadora do MARE considera que a Ribeira de Coselhas “tem muito potencial para haver algo como um trilho natural”, e pretende realizar atividades semelhantes noutras ribeiras da zona de Coimbra.
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