Investigadoras do MARE na Nature – Como promover um ordenamento do espaço marinho sustentável e inteligente?

Foi publicado esta terça-feira, dia 12 de março o artigo científico “Key components of sustainable climate-smart ocean planning” na revista do grupo Nature – npj Ocean Sustainability. Liderada por Catarina Frazão Santos, investigadora integrada do MARE-Ciencias Ulisboa, a equipa de cientistas identificou dez elementos-chave que servirão para promover o desenvolvimento e a implementação de processos de planeamento do uso do oceano sustentáveis, equitativos e inteligentes do ponto de vista climático em todo o mundo.

O estudo foi desenvolvido conjuntamente por cientistas e peritos de organizações internacionais e instituições académicas de Portugal, África do Sul, Austrália, Brasil, Canadá, Chile, Estados Unidos, Itália, e Reino Unido. Conta ainda com a participação de outras duas investigadoras do MARE- Ciências ULisboa, Helena Calado, professora na Universidade dos Açores, e Sara García-Morales, aluna de doutoramento no MARE e no Instituto de Biologia e Biodiversidade do Chile.

No artigo, os investigadores apresentaram um conjunto de recomendações para apoiar as entidades responsáveis no processo de passar à ação no que respeita ao desenvolvimento de planos de ordenamento do espaço marinho (OEM) que integrem verdadeiramente as alterações climáticas.

A investigadora Catarina Frazão Santos explica que “apesar de existirem processos de OEM a serem desenvolvidos em mais de 75 países em todo o mundo, até à data não há nenhum plano que tenha conseguido integrar as alterações climáticas de forma compreensiva. Com esta publicação, pretendemos identificar soluções para responder a este desafio. Pretendemos também que estes componentes funcionem como uma ‘lista de verificação’ para avaliar o nível de ‘inteligência climática’ dos processos de OEM, tanto existentes como futuros”.

As recomendações surgem num momento oportuno, uma vez que a UNESCO e a Comissão Europeia lançaram recentemente um roteiro global sobre OEM que reconhece a integração das alterações climáticas nos processos de OEM como uma área prioritária para o período 2022-2027. Várias outras instituições, tais como o Banco Mundial ou o United Nations Global Compact, destacaram também a necessidade desenvolver planos inteligentes do ponto de vista climático. No entanto, de um ponto de vista operacional, as entidades responsáveis pelo desenvolvimento de processos de OEM requerem recomendações práticas.

“Pretendemos que esta publicação fomente o debate sobre um tópico que é tanto recente como altamente relevante para o futuro do nosso oceano” afirma Catarina Frazão Santos. “É também o momento certo para debater estas recomendações a nível global, uma vez que se espera que a iniciativa MSP global da UNESCO e da Comissão Europeia desenvolva um guia sobre processos de OEM inteligentes do ponto de vista climático no final de 2024”.

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Os elementos-chave

Os dez elementos-chave propostos incluem um conjunto de ‘princípios’ (que se encontram na base de todo o processo de planeamento), bem como vários ‘caminhos operacionais’ (medidas práticas para suportar a tomada de ação). Todos estes elementos estão profundamente interligados, funcionando melhor quando integrados em conjunto nos processos de OEM. No entanto, os autores reconhecem que, sendo estes elementos dependentes do contexto (social, económico, político, ambiental) em que os planos se desenvolvem, haverá casos em que alguns elementos serão mais prevalentes do que outros.