Living Lab Salgados, uma oportunidade de desenvolvimento e valorização dos ecossistemas

O passado dia 12 de Abril, reuniram-se na Incubadora de Empresas Mar & Indústria da Figueira da Foz, 25 entidades para discutir o tema dos Salgados Nacionais, objeto de estudo da aluna de Doutoramento Cátia Marques. O objetivo da sua investigação é avaliar o potencial para desenvolver um Living Lab centrado no Desenvolvimento Sustentável sob o valor do conceito de Serviços de Ecossistemas Costeiros e Marinhos.


Na sessão estiveram presentes a Câmara Municipal da Figueira da Foz, Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, I.P., Agência Portuguesa do Ambiente Universidade de Coimbra e Universidade de Aveiro, bem como empresas do setor turístico, aquicultores, produtores de sal e plantas halófitas (plantas terrestres adaptadas a viver em zonas costeiras) de todo o país. 

Os Salgados Nacionais são reconhecidos como ecossistemas de importância valiosa no que diz respeito à manutenção e recuperação de serviços, como o fornecimento de alimento, regulação contra cheias urbanas, absorção de CO2, mas também como habitat de muitas espécies de flora e fauna, e de conservação de saberes e tradições. Por esta razão torna-se necessário valorizar e conservar estes ecossistemas, e também valorizar e desenvolver de forma equilibrada e com base no conhecimento científico, as atividades económicas que lhes estão associadas: turismo, aquicultura, produção de sal e plantas halófitas. Considera-se que, só com a contribuição humana é que se conseguirá manter e recuperar estes ecossistemas e seus serviços.


Durante o Doutoramento, orientado pelas investigadoras do MARE Zara Teixeira e Lia Vasconcelos, a doutoranda Cátia Marques, investigou casos de inovações internacionais centradas em Serviços de Ecossistemas, e auscultou 65 entidades, públicas e privadas, diretamente relacionadas com estes ecossistemas, entre as quais a DGRM- Direção Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos, Municípios, como o de Castro Marim, Universidades, outros Centros de Investigação, o Laboratório Colaborativo S2AQUAcoLAB, Associações, Cooperativas, e inúmeros empresários que desenvolvem as suas atividades económicas nestes ecossistemas.

Este contacto com as diversas entidades permitiu compreender as suas competências e relações perante os Salgados Nacionais, identificar como têm desenvolvido as suas atividades (com recurso a parcerias e/ou apoios financeiros) e ainda, identificar que desafios ainda estão por resolver, para que se consiga valorizar e desenvolver as atividades criadas nestes ecossistemas.
O CAE (Classificação de Atividades Económicas) desajustado à produção de sal e halófitas, e falta de infraestruturas e condições de trabalho (acessos, saneamento e eletricidades) foram alguns dos desafios identificados como complexos, mas com enormes benefícios caso sejam resolvidos. Entre os quais, desafios como a dificuldade financeira para colaborações entre investigação e privados, e a falta de recursos humanos para acompanhamento no território foram identificados pelo Living Lab como prioritários de resolução.


Espera-se de um Living Lab uma oportunidade para o desenvolvimento de atividades nestes ecossistemas através do estabelecimento de contacto entre todos os intervenientes nos Salgados, da sua colaboração para co-criar ideias e soluções, e da construção de negócios com base no conhecimento, investigação aplicada licenciamentos ajustados às necessidades e realidades produtivas e envolvimento no desenvolvimento local, regional e nacional.
A criação de um Living Lab será assim uma oportunidade de desenvolvimento e valorização não só destes ecossistemas - Salgados, mas também das atividades aqui desenvolvidas.