A investigadora do MARE Catarina Frazão Santos foi entrevistada pela revista Sábado, e contou tudo sobre o seu projeto PLAnT- planeamento do uso sustentável do Oceano na Antártida.
Com 13 milhões de quilómetros, este continente gelado absorve mais dióxido de carbono atmosférico do que qualquer outro oceano, sendo essencial para o combate às alterações climáticas. "Tudo o que acontece na Antártida tem repercussões muito grandes a nível mundial", refere Catarina Frazão Santos.
É neste contexto que surge o projeto PLAnT, o primeiro a nível mundial que vai desenvolver um plano de ordenamento do espaço marinho na região antártica. "O ordenamento do espaço marinho, de uma forma muito simples, é uma forma de distribuir, no espaço e no tempo, os vários usos do mar. Ou seja, a pesca, a aquacultura, o turismo, o transporte marítimo", explica a investigadora do MARE,
Segundo Catarina, estando os oceanos ligados por correntes marinhas, o que se observa é que a da Antártida está a aquecer mais rapidamente do que as outras juntas. Este fenómeno poderá ter graves consequências como a diminuição do krill que serve de alimento principal a diversas espécies. Por este motivo, é essencial a proteção destes ecossistemas chamados de áreas de carbono azul, pela sua capacidade de capturar e armazenar dióxido de carbono.
Foi neste sentido que a investigadora do MARE se candidatou ao apoio do Conselho Europeu de Investigação, tendo ganho uma bolsa de 1,5 milhões de euros para o seu projeto. Dentro das temáticas a serem exploradas pela equipa de Catarina Frazão Santos, está o turismo na Antártida. A equipa terá "duas pessoas em exclusivo a investigar o tema" uma vez que, tal como em qualquer zonas turística existem "impactos ambientais que estão associados, seja poluição ou despeito por zonas protegidas. E na Antártida não nos podemos dar a esse luxo" afirma a investigadora.
As conclusões retiradas do projeto PLAnT, que termina em 2029, serão importantes para saber qual a melhor forma de organizar o espaço marítimo, de forma sustentável e inteligente do ponto de vista climático. Para além disso, o projeto terá aplicações para outros países com zonas costeiras, como é o caso de Portugal.
"Não teremos desenvolvimento a longo prazo sem a conservação da natureza. Temos de combater o mito de que a conservação e o desenvolvimento não andam de mãos dadas", conclui Catarina Frazão Santos.
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