Corais de Cascais e Sines estão a incorporar plásticos

A investigadora do MARE Sónia Seixas, é primeira autora do artigo "Incorporation of abandoned and lost fishing gear into the structure of Dendrophyllia ramea in the Atlantic coast of Portugal", recém-publicado na revista científica Marine Pollution Bulletin. Este artigo conta também com a participação dos investigadores do MARE Joaquim Parrinha e Filipa Bessa, e descreve um fenómeno nunca antes registado: a incorporação de redes e fios de pesca no esqueleto de corais.

Facilmente identificável pelos Pescadores devido ao seu odor a Anis, os corais da espécies Dendrophyllia ramea são animais que vivem um pouco por todo o mediterrâneo, apresentando um estatuto de conservação vulnerável. Capturados em 2022 por pescadores de Sines e Cascais, foram entregues à equipa de investigadores, alguns corais desta espécie, que apresentavam linhas e redes de pesca sintéticas incorporadas no seu esqueleto. 

"Agarrei-me à literatura, li tudo o que existia", começa por explicar Sónia Seixas ao Jornal da Noite. "Há muitos reportes de redes a cobrirem os corais e a serem nefastos para os corais, mas corais incorporados dentro, (o que se vê é a entrada e a saída do fio), é a primeira vez,  que nós saibamos, que é reportado no mundo inteiro". Ao estudar este fenómeno, verificou-se que cerca de 6% dos espécimes apresentavam filamentos na sua estrutura, levantando questões relativamente ao seu potencial impacto na saúde dos corais. A investigadora do MARE afirma que "pode condicional o crescimento, pode alterar a fisiologia do coral, pode alterar o sistema reprodutivo. Nós neste momento não sabemos de facto, o que é que estes fios incorporados podem fazer, mas podem ser muito nefastos."

Neste momento, os investigadores estão a realizar o mapeamento destes corais na costa portuguesa, para eventualmente se criarem zonas de proteção, e salientam ainda, a necessidade urgente de comunicar estas questões, tanto aos pescadores, como a todas as partes interessadas.

 

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