Foto: Jenny Berntson Djurvall/Sveriges Radio
A situação é pior na Suécia, mas as lampreias-marinhas estão a diminuir em vários países europeus, como Portugal, diz Inês de Castro da Silva Oliveira, doutoranda do MARE na Universidade de Évora, à rádio sueca Sveriges Radio.
No âmbito de uma colaboração com investigadores suecos para amostragens direcionadas à espécie lampreia-marinha (i.e., partilha de técnicas para amostragem e identificação de larvas desta espécie através do uso de pesca eléctrica), a investigadora do MARE Inês de Castro Oliveira participou numa entrevista da rádio sueca Sveriges Radio (a partir do minuto 9), juntamente com os investigadores responsáveis pela coordenação deste trabalho de campo, Mikael Svensson e Elisabeth Thysell.
A lampreia-marinha é considerada uma espécie rara na Suécia, e os investigadores estão a tentar perceber qual a sua distribuição no país, através da identificação de habitats disponíveis e do levantamento do número de larvas da espécie nesses locais. A recolha desta informação é importante para potenciais ações de restauro de habitat na Suécia, cujo intuito será incrementar o número de lampreias-marinhas que se reproduzem nos rios suecos.
Tal como em Portugal, em que os declínios observados nos últimos dois anos levaram inclusive ao cancelamento do Festival da Lampreia em Penacova, em Fevereiro de 2024, também na Suécia se registam declínios. Este verão registaram-se os números mais baixos de sempre de observações de lampreias-marinhas adultas, conta Elisabeth Thysell, consultora de pesca da autoridade regional sueca de Halland. Em Espanha e França o cenário repete-se. A teoria é que, sem peixes de maior dimensão nos oceanos, as lampreias-marinhas adultas têm dificuldade em encontrar alimento, acabando por não completar o seu ciclo de vida, não regressando aos rios para se reproduzirem.
Inês de Castro Oliveira viajou de Portugal para a Suécia para partilhar o conhecimento do MARE sobre esta espécie. Conhecimento este adquirido através do trabalho que o grupo de investigação do MARE “Biologia, Conservação e Gestão de Peixes”, ao qual pertence, tem vindo a desenvolver com esta espécie ao longo dos últimos anos, nomeadamente no rio Mondego.
A sua tese de doutoramento, orientada pelos investigadores do MARE Catarina Mateus e Pedro Raposo de Almeida, foca-se em saber mais sobre o ciclo de vida da lampreia-marinha, com ênfase sobre a fase marinha deste ciclo, sobre a qual ainda existe pouco conhecimento científico.