"Saudações antárticas!
A nossa aventura na 37.ª OPERANTAR, uma expedição co-organizada pelo Programa Antártico da Marinha Brasileira (PROANTAR) e pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG), já começou no início de Janeiro, mas só agora conseguimos um pouco mais de tempo (e de wi-fi!) para dar notícias. É com muito entusiasmo que estamos a trabalhar em colaboração com o Grupo de Oceanografia de Altas Latitudes (GOAL) da FURG, no contexto do projeto PHYTO-NAP (Phytoplankton response to climate trends in the Northern Antarctic Peninsula) financiado pelo Programa Polar Português (PROPOLAR).
A equipa é simpática e competente, e já conta com 15 anos de monitorização do ambiente marinho envolvente à Península Antárctica (para mais detalhes, ler o Special Issue of Deep-Sea Research II, Kerr et al., 2018).
Foi no dia 3 de janeiro que zarpámos de Punta Arenas (Chile) rumo ao sul, no Navio Polar Brasileiro Almirante Maximiano. Depois de atravessarmos os deslumbrantes canais patagónicos Chilenos e Argentinos, chegámos à Passagem de Drake com alguma expectativa de nos depararmos com uma navegação mais difícil, tendo em conta a força das correntes e da ondulação que aqui tipicamente se faz sentir. A travessia até à Península Antártica fez-se, no entanto, sem problemas. O navio balançou um bocado mais, levando alguns dos nossos parceiros de viagem a “marear” ou a refugiar-se durante mais tempo nos respetivos camarotes.
Mas os três Portugueses a bordo - Catarina Guerreiro e Afonso Ferreiro, investigadores no MARE-UL, e Rafael Mendes, investigador na FURG e chefe cientifico da expedição - resistiram ao balanço, permanecendo despertos e entusiasmados aquando da entrada triunfal na Zona Antárctica, ao atravessar os 60º S.
Após entrar em território Antártico, o navio fez uma paragem de logística na Estação Antárctica Brasileira Comandante Ferraz, localizado na Ilha King George. Não desperdiçámos a oportunidade e fizemos uma visita guiada até à estação, junto à qual jaz uma réplica de ossada de baleia Jubarte que ali foi construída com ossos de várias baleias por Jacques Cousteau, algures na década de 1960. Fomos muito bem recebidos na estação Brasileira e ainda tomámos um chocolate quente (muito doce!!) que nos animou o espírito e aqueceu o corpo do frio cortante que estava lá fora.
A caminho do Estreito de Bransfield – a primeira região que amostrámos na Península Antárctica – ainda passámos muito perto da Deception Island, uma ilha cuja topografia é marcada pela presença de uma cratera de vulcão.
Aos sábados, os trabalhos são acompanhados de música festiva em pano de fundo, porque é dia de churrasco no navio Brasileiro. Nestes dias, o frio de rachar antártico contrasta com o ambiente de samba e boa disposição dentro do navio. São muitos meses embarcados no frio polar para estes marinheiros.
É preciso fazer por passar melhor o tempo :). Ao longo das próximas duas semanas vamos procurar fazer um apanhado dos principais locais e atividades desta jornada! Até já e saudações do “Tio Max”, como o navio é apelidado carinhosamente pelos marinheiros."
Catarina Guerreiro e Afonso Ferreiro