Nos passados dias 4 e 5 de novembro a Universidade de Évora foi a grande anfitriã da edição deste ano do encontro MARE. Durante dois dias, mais de 200 investigadores pertencentes às oito unidades regionais de investigação, reuniram-se num evento repleto de reuniões, workshops, palestras e debates sobre diversas áreas e tópicos, relacionados com a investigação nas ciências do mar e do ambiente, desafios, ação e cooperação para a sustentabilidade dos ecossistemas aquáticos.
Dia 1: 4 de novembro de 2024
“É bom sentir a sala cheia”, voltou a referir o diretor do MARE Pedro Raposo de Almeida na edição deste ano do Encontro MARE, agradecendo a presença a todos. Presidindo a sessão de abertura, Pedro Raposo de Almeida reforçou a importância da partilha científica entre as oito unidades regionais de investigação que integram o MARE, referindo que “os próximos cinco anos vão ser exigentes, com muitos desafios, mas principalmente com muitas oportunidades”. A intervir na sessão de abertura, estiveram também presentes o Professor Doutor João Nabais, Vice-Reitor da Universidade de Évora, a Engª. Carmen Carvalheira, Vice-Presidente da CCDR-Alentejo I.P., e Jorge Araújo, Presidente M. Assembleia Municipal de Évora. A Engª. Carmen Carvalheira realçou a importância do oceano para a região, referindo que “a região do Alentejo ocupa cerca de 30% do país, e muitas vezes esquecemo-nos que também somos mar. Apesar de sermos interior, o mar começa em cada um de nós”. Esta mensagem, voltou a ser reforçada pelo senhor Presidente Jorge Araújo que considera que “o Alentejo não é só o interior. É também uma costa marítima” e que “se hoje são 600 (investigadores na área das ciências aquáticas), que amanhã sejam 1600. O futuro está no mar”.
A fechar a sessão de abertura esteve o Professor Doutor Luís Coelho, que apresentou a mais recente unidade regional de investigação do MARE, o Instituto Politécnico de Setúbal. Deste modo, as restantes unidades regionais, puderam ficar a conhecer o trabalho desenvolvido pelos novos colegas, os seus planos para o futuro, e que mais-valias trazem ao integrar o MARE.
Após esta apresentação, enquanto os investigadores doutorados integrados participaram na reunião do Conselho Científico, os restantes participantes tiveram a oportunidade de frequentar várias atividades, entre as quais, as visitas ao Fluviário de Mora e Fundação Eugénio de Almeida, e os workshops “Técnicas de captura, marcação e recolha de Espécies Exóticas e Invasoras Aquáticas”, “ Share your science” e “Drones & SIG”.
O dia terminou com um jantar-convívio que permitiu o estreitar de relações entre os participantes.
Dia 2: 5 de novembro de 2024
Para quem não participou na Reunião de Coordenadores, o segundo dia do Encontro MARE 2024 começou com um conjunto de workshops organizados pelos investigadores do MARE, com o objetivo de promover a partilha de conhecimento, e possibilitar o desenvolvimento de capacidades, discutindo desafios atuais, o estado da arte e novas técnicas de investigação.
Outro workshop fruto da colaboração entre unidades foi “Investigação de Ecossistemas Aquáticos com Drones no MARE”, onde foram abordados aspectos como características de diferentes tipos de drones e sensores, e discutido os requisitos legais e práticas de segurança para o voo de drones em Portugal. Este workshop organizado pelo MARE-UÉvora e o MARE-Madeira, foi uma verdadeira oportunidade para partilhar experiências, conhecimentos e desafios sobre o uso de drones em contexto de investigação e académico.
O MARE-UÉvora foi ainda responsável pela organização do workshop “Follow the food: Application of carbon and nitrogen stable isotopes in aquatic food webs” em parceria com o Laboratório HERCULES da Universidade de Évora.
Do MARE-UCoimbra surgiram dois workshops, “Meta-analysis as a tool to evaluate results heterogeneity among studies” e “Experimentação Virtual no ambiente MARE: Avanços descobrindo ferramentas CFD”, organizados por Verónica Ferreira e Rita Carvalho, respetivamente, que pretenderam dar uma visão geral no uso destas duas ferramentas.
Finalmente, Carolina Doran da ECSA - European Citizen Science Association, trouxe o workshop “What is citizen science and where can we take it” sobre ciência cidadã.
Esta temática foi também abordada por Carolina Doran na primeira sessão da tarde, com a Palestra “Citizen science in Europe and beyond: How can I join?”. De auditório cheio, Carolina Doran apresentou a todos os presentes, o conceito de ciência cidadã, e de que forma pode ser incorporado nos seus trabalhos de investigação. Tendo o MARE-IPSetúbal como ponto focal, foi aberta uma nova oportunidade de colaboração e de desenvolvimento de atividades dentro da temática.
De seguida deu-se a Mesa Redonda “Ação e Cooperação para a Sustentabilidade do Oceano”, com a participação de da Professora Doutora Maria João Bebiano, Co-Coord. do Comité Português para a Década do Oceano (CNDO), da Eng.ª Marisa Lameiras da Silva, Diretora-Geral de Política do Mar (DGPM), do Eng.º José Carlos Simão, Diretor-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM), da Dra. Ana Martins, representante do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e Dra. Joana Boavida-Portugal, representante do MARE na Coligação de Instituições Científicas do IPOS. Nesta sessão moderada pelo diretor do MARE o Professor Doutor Pedro Raposo de Almeida, foram discutidos os objetivos da Década do Oceano para o Desenvolvimento Sustentável 2021-2030, e de que forma entidades como o MARE podem contribuir para serem alcançados.
Após a Mesa Redonda, Pedro Raposo de Almeida presidiu a sessão se encerramento, que contou ainda com a participação de Sua Excelência a Secretária de Estado das Pescas, Dra. Cláudia Monteiro de Aguiar, e do Professor Doutor Augusto Peixe, Pró-Reitor para o Apoio às Unidades científico pedagógicas. Não podendo estar fisicamente presente na sessão, a Dra. Cláudia Monteiro de Aguiar deixou uma poderosa mensagem por vídeo, onde reforçou o papel do MARE no desenvolvimento de políticas de apoio à governança, destacando-o como um “autentico embaixador da investigação científica, do desenvolvimento tecnológico e inovação (…) sendo amplamente conhecido pelo seu rigor e confiança”.
Destes dois dias retira-se uma enorme partilha de conhecimento científico, de novas abordagens e métodos de investigação. Ainda não se sabe a que unidade regional de investigação do MARE se passará o testemunho para a edição do próximo ano, mas terá certamente, uma sala cheia de novo.