O MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente do Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra em colaboração com o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, desenvolveu um estudo com o objetivo de determinar a predominância de Borrelia burgdorferi s.l. (agente etiológico da borreliose de Lyme, presente em carraças recolhidas de aves) na Europa.
De acordo com os resultados obtidos, o tordo-zornal Turdus pilaris e o melro-preto T. merula foram as espécies de aves que mais carraças infetadas transportavam. E a espécie de Borrelia mais comum detetada nas carraças recolhidas de aves foi Borrelia garinii, uma genoespécie patogénica ao Homem e associada à transmissão de borreliose de Lyme.
Este estudo “contribuiu para um melhor conhecimento da ecologia e evolução de Borrelia garinii transmitida por carraças, demonstrando que o papel das aves na disseminação do agente etiológico desta doença não pode ser negligenciado, porque estas contribuem para uma mistura espacial a larga escala das várias linhagens de Borrelia podendo levar à evolução de novas variantes”, explica Isabel Lopes de Carvalho, acrescentando que “isto é essencial para ajudar a avaliar o risco de doença”.
O estudo, coordenado por Isabel Lopes de Carvalho e Sofia Núncio (Departamento de Doenças Infeciosas do Instituto Ricardo Jorge), e por Ana Cláudia Norte (MARE), contou também com a colaboração de institutos de investigação de 11 países europeus, e foi publicado na revista “Molecular Ecology”.
Borreliose de Lyme é uma doença multissistémica, que pode afetar vários tecidos ou órgãos. É uma doença evolutiva que na sua fase inicial se caracteriza pelo aparecimento de uma lesão na pele, designada como eritema migratório. Nas fases seguintes outros órgãos podem ser afetados e causar lesões ao nível articular (artrite de Lyme), neurológico (neuroborreliose) ou dermatológico (acrodermatite crónica atrofiante).
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Fotografia: Hugo Guímaro