Os investigadores do MARE Afonso Ferreira, Vanda Brotas, Catarina Guerreiro e Ana Brito são coautores do artigo científico “Climate change is associated with higher phytoplankton biomass and longer blooms in the West Antarctic Peninsula”. O artigo foi recentemente publicado na revista científica Nature Communications, e fala de como a biomassa do fitoplâncton e as diferentes fases da floração na Península Antártica Ocidental estão a mudar em resposta às alterações climáticas.
Os ecossistemas marinhos ao longo da costa da Península Antártida Ocidental, têm sofrido mudanças significativas nas últimas décadas por consequência de atividades antropogénicas. Entre as alterações mais significativas está o aumento das temperaturas atmosféricas e oceânicas devido ao aquecimento global, particularmente durante o inverno, que levou ao recuo generalizado de geleiras, plataformas de gelo e a uma diminuição na extensão, espessura e volume do gelo marinho. Tais alterações afetam todos os níveis das cadeiras tróficas, incluindo os produtores primários, em que já se verificou alterações na biomassa, composição e tamanho das células do fitoplâncton, impactando os restantes elementos da cadeia.
Neste contexto, uma equipa de investigadores portugueses e brasileiros, na qual integram diversos membros do MARE, procurou observar estas alterações de modo a poder compreender as suas implicações para os ecossistemas marinhos. Para isso, foram utilizados dados recolhidos por satélite ao longo de 25 anos (1998-2022), que mostraram que a biomassa do fitoplâncton e a fenologia da floração na Península Antártica Ocidental estão mudando significativamente como uma resposta às alterações climáticas.
Os dados recolhidos permitiram observar florações mais longas e um aumento da produção de fitoplâncton ao longo dos anos, em especial no início da primavera e do outono. Segundo os investigadores estas alterações devem-se principalmente ao declínio do gelo marinho a longo prazo, em paralelo com uma intensificação recente do Modo Anular do Sul (ou Oscilação Antártida), o principal modo de variabilidade atmosférica do hemisfério sul.
Assim, este estudo torna-se extremamente importante à compreensão da interação complexa entre mudanças ambientais e as respostas do fitoplâncton nesta região climática, levantando ainda questões importantes sobre as consequências a longo prazo que estas alterações ecológicas podem ter, a nível do aprisionamento global de carbono, e nas teias alimentares da Antártida.
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