Pode o genoma das espécies marinhas ajudar-nos a prever o futuro dos oceanos?

O investigador do MARE Gonçalo Silva participou no elaboração do artigo "Predicting the future of our oceans - Evaluating genomic forecasting approaches in marine species", publicado na revista científica Global Change Biology no passado mês de março. A participação do investigador do MARE, deu-se no âmbito de um grupo do ICES - Working Group on the Application of Genetics in Fisheries and Aquacultures. 

"A informação sobre os organismos marinhos, comparada à existente no ambiente terrestre, é ainda muito escassa. Neste artigo propomos uma abordagem multidisciplinar que integra ferramentas de genómica e modelação, com o objetivo de estimar com maior precisão o efeito das alterações climáticas na distribuição dos organismos marinhos", explica Gonçalo Silva

As alterações climáticas estão a reestruturar a biodiversidade a várias escalas, havendo por isso, uma necessidade constante de compreender quais as consequências a nível ecológico e genómico. As espécies marinhas, e as atividades de pesca que lhes são dependentes, são extremamente vulneráveis às alterações climáticas. Por essa razão, há uma grande necessidade de uma avaliação, tendo em conta os recentes avanços no domínio da genómica eco-evolutiva. Esta abordagem tem procurado incluir processos evolutivos na previsão das respostas das espécies às alterações climáticas.

Assim, a investigação que originou o artigo, consistiu numa compilação de conhecimentos sobre a base genómica da adaptação nas espécies marinhas, seguida de uma discussão sobre os poucos exemplos em que a previsão genómica foi aplicada em sistemas marinhos. Para além disto, os investigadores identificaram os principais desafios na validação das estimativas de compensação genómica em espécies marinhas, defendendo a inclusão de dados históricos de amostragem e de previsões retrospetivas na fase de validação.

Este estudo permitiu aos investigadores desenvolverem um "procedimento operacional normalizado", descrevendo como gerar estimativas de compensação e modificar os fluxos de trabalho face a restrições orçamentais e de tempo, para orientar gestores marinhos na incorporação destas previsões no processo de tomada de decisões.

 

 

 

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