Investigadores do MARE usam monitorização acústico-passiva para avaliar agregações reprodutivas de sciaenidae

 

O projeto do MARE "PAMEggs - Avaliação da sobreposição temporal e espacial entre a desova da corvinata-real (Cynoscion regalis) e da corvina (Argyrosomus regius) nativa com Monitorização Acústico-Passiva" dá-se a conhecer.

Desde 2016, uma estação de MAP em terra tem operado na margem sul do estuário do Tejo (Força Aérea Militar, BA6), e desde 2020, vários registadores acústicos autónomos foram implantados em várias localizações no estuário do Tejo no âmbito dos projetos FISHNOISE e MIGRACORV, bem como na infraestrutura MARE CoastNet. Essas gravações de áudio permitiram "ouvir" a presença de dois sciaenidae: a corvinata-real (Cynoscion regalis; primeiro relatado no Tejo em 2015, Morais et al., 2017) e a corvina (Argyrosomus regius). Devido à sobreposição ecológica entre as duas espécies, surge a preocupação com possíveis impactos da espécie invasora na corvina da mesma família (Cerveira et al., 2021). No entanto, como ambas as espécies são altamente vocais e podem ser diferenciadas acusticamente (Amorim et al., 2023), o MAP pode ser uma abordagem inovadora para fornecer informações sobre a sua distribuição temporal e geográfica no estuário do Tejo durante a temporada de reprodução, informações críticas para a gestão e conservação. Recentemente, as gravações da estação de MAP em BA6 revelaram uma considerável variabilidade da atividade vocal da corvinata-real ao longo da temporada de reprodução no estuário do Tejo (Vieira et al., 2022). Embora seja conhecida uma relação entre a deposição de ovos e a atividade vocal em cativeiro (Vieira et al., 2019), ainda não é claro se as variações no comportamento vocal no campo refletem mudanças na libertação de ovos e qualidade dos ovos. Se for esse o caso, o MAP pode ser usado como um indicador de desova para essas espécies.

Estes são os principais objetivos do projeto:

  1. Caracterizar a sobreposição temporal e espacial das agregações reprodutivas da corvinata-real e da corvina no estuário do Tejo usando o MAP. Para realizar esse objetivo, este projeto inclui uma estação de gravação na Base Aérea de Montijo (BA6) e cinco registadores acústicos passivos autónomos colocados em vários locais ao longo do estuário do Tejo. As últimas implantações ocorreram em junho de 2023.
  2. Correlacionar a duração e intensidade diáriamente com a densidade/qualidade dos ovos de sciaenidae. Em maio de 2023, começámos a realizar estudos com redes de plâncton no cais de BA6 para coletar ovos de sciaenidae. Até agora, encontrámos vários organismos pelágicos, incluindo larvas de peixes.
  3. Realizar ações de divulgação e disseminação científica. Também realizámos várias atividades de divulgação para o público em geral em parceria com a REDE DE CENTROS CIÊNCIA VIVA.

Essa iniciativa reúne investigadores de quatro unidades regionais de investigação do MARE (ULisboa, ISPA, IPLeiria e Évora) e um investigador do CE3C.

 

Conforme o Fish Bioacoustics Lab