Cidades do futuro e alterações climáticas: José Carlos Ferreira em entrevista à Sábado

Para assinalar o Dia Mundial das Cidades, o investigador José Carlos Ferreira foi entrevistado pela revista Sábado, para discutir a preparação das cidades portuguesas face aos desafios que chegam com as alterações climáticas. 

Já se passou quase um mês desde a tragédia que atingiu valência, e, no entanto, notícias da catástrofe continuam a chegar todos os dias aos media portugueses. Fica a questão: “Estará Portugal preparado para uma situação semelhante?”

Grande parte da população portuguesa vive na área metropolitana de Lisboa, onde quase todos os municípios têm contacto com a linha de costa. O norte da área metropolitana do Porto e o Algarve estão também em zonas de risco. No fundo, mais de 80% dos portugueses vivem junto ao litoral, estando vulnerável a catástrofes climáticas como a que ocorreu no país vizinho.

Isto torna a necessidade de adaptação a este tipo de fenómenos cada vez mais urgente. Como avisa o investigador do MARE José Carlos Ferreira, “Vamos ter um aumento da temperatura, mais calor excessivo, mais noites tropicais” e "A precipitação vai ser menor, mas mais intensa e concentrada no tempo". 

 Isto significa que, será exigido de Portugal uma melhor preparação e ordenamento do território para fazer face às novas necessidades. “As nossas cidades no futuro vão ter que ser cidades-esponja, territórios que podem absorver os impactos da precipitação intensa e das inundações, quer costeiras, quer estuarinas", como explica o investigador do MARE.

Para o investigador do MARE a solução passa pelas infraestruturas verdes, que irão ajudar a impermeabilizar as cidades durante a queda de chuva, e reter água e sombra nos períodos de grande calor. "É preciso introduzir o verde na cidade, são as coberturas verdes, os nossos jardins, os nossos quintais, os terraços arborizados, os passeios com ciclovias e as ciclovias arborizadas, os logradouros que estão no interior dos prédios serem arborizados e permeáveis", explica.

Outra solução é um sistema de drenagem sustentável inteligente, que passe por biovaletas: são "pequenas microflorestas, jardins, hortas, áreas de polinização de insetos" que permitem a retenção da água, como é o caso da Várzea da Ribeira do Livramento, em Setúbal.

José Calos Ferreira conclui deixando o alerta de que preparar as cidades é "urgente", sendo "o nosso processo de planeamento muito rígido e incompatível com os dias de hoje", e tem um carácter mais "reativo" que "preventivo".

"Para nós termos soluções daqui a 20 anos, temos que estar a atuar hoje”, porque como o nosso investigador costuma dizer “a próxima tempestade está aí”.

 

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Fotografia por NOVA FCT