João Pequeno na Campanha Oceanográfica AMP Oceânicas

Chegou ao fim a 1ª etapa da missão oceanográfica do projeto das Áreas Marinhas Protegidas Oceânicas da Madeira. Entre os investigadores que seguiram a bordo do navio "Mário Ruivo" estava o investigador do MARE João Pequeno.

Com 75,6 metros de comprimento e 14,8 metros de boca, o navio do IPMA partiu do Funchal no passado dia 6 de agosto, equipado com tecnologia de ponta, fundamental à identificação de biodiversidade e à caracterização da natureza geológica do fundo marinho. Ao longo da sua viagem, foram efetuados trabalhos nas áreas da geologia marinha, oceanografia física e biogeoquímica, com o objetivo de identificar novas áreas de interesse para a conservação da biodiversidade da Madeira, e construir a base científica de suporte ao planeamento e gestão das atuais e futuras áreas classificadas.

 

João Pequeno, investigador do MARE, integrou a equipa multidisciplinar desta campanha: "Nunca estive embarcado em alto mar. Foi uma experiência única e uma oportunidade enorme. A minha função foi ajudar um pouco em tudo, porque não vim com um objetivo definido. Queria principalmente aprender e perceber como posso ajudar nesta estratégia de implementação das áreas marinhas protegidas", contou o investigador ao jornal Sol.

Através de um sistema de vídeo-câmaras SeaSpyder e com um veículo submarino remoto (ROV), foram observadas diversas espécies de algas, equinodermes, peixes e tubarões. Foram ainda recolhidas amostras de água e de sedimentos do solo, que servirão para a determinação de nutrientes, identificação de fitoplâncton, ADN ambiental e também para a calibração dos sensores instalados num CTD, equipamento que permite fazer perfis verticais de temperatura, salinidade, pH, oxigénio dissolvido, clorofila e matéria orgânica dissolvida.

 

João pequeno, explica a importância da recolha desta informação: "O que os olhos não veem o coração não sente, não é? É um bocadinho aquilo que acontece com as pessoas. É muito importante preservar os oceanos, isso não é novidade para ninguém. No entanto, é importante conhecer e preservar. É por isso que estas campanhas são essenciais. São elas que vão permitir saber a fundo quais as áreas que fazem sentido serem protegidas e qual o grau de proteção a implementar. Isto tendo em conta também os usos que damos a essas áreas e os serviços de ecossistemas que elas nos proporcionam". "São precisos dados científicos robustos para sabermos como fazer essa prevenção no futuro", conclui.

 

Terminada esta primeira fase, o Ministério da Economia refere em comunicado que a segunda fase desta campanha está prevista para o primeiro semestre de 2025, na sub-região dos Açores. O projeto enquadra-se no compromisso nacional de estabelecer uma rede de áreas marinhas protegidas que representem 30% do espaço marinho nacional até 2030.