A pesca da lampreia chegou ao fim e o balanço das capturas nos rios portugueses continua a revelar um preocupante declínio da espécie. A escassez tem levado a um aumento significativo nos preços, que neste momento variam entre 80 e 100 euros por exemplar. Em Coimbra, chegou-se até a sugerir uma interdição nacional da pesca de lampreias, uma medida que tem gerado controvérsia.
Entre os defensores da conservação da espécie, destaca-se Pedro Raposo de Almeida, investigador e diretor do MARE. Há vários anos que alerta para a situação da lampreia, defendendo que, para garantir a sustentabilidade da espécie, não basta apenas aplicar um período de defeso, mas também “outras medidas que garantam a sustentabilidade da espécie”.
Uma das medidas propostas é a translocação de lampreias, uma estratégia que consiste em soltar exemplares nas zonas de reprodução, com o objetivo de repovoar os rios. A ideia, segundo o investigador, é garantir o repovoamento destas populações de forma a reverter o declínio da espécie.
O Ministério da Agricultura e Pescas, reconhecendo a gravidade do problema e ciente da escassez de lampreias nos rios portugueses, reconhece que outras medidas podem ser necessárias. Entre as opções está efetivamente a translocação de exemplares para montante dos rios. De acordo com uma fonte oficial do Ministério da Agricultura e Pescas, foi realizada uma reunião sobre a gestão e conservação da pesca da lampreia, em 6 de março, com a presença do secretário de Estado das Florestas, representantes do ICNF, DGRM e Universidade de Évora.
Na reunião, ficou claro que o declínio da lampreia é um fenómeno que não afeta apenas os rios portugueses, mas também rios em França e Espanha. A criação de uma comissão de acompanhamento foi acordada, com o objetivo de monitorizar a pesca e a conservação da lampreia, além de intensificar a fiscalização.
Apesar disso, vários pescadores já se mostraram descontentes a interdição da captura de lampreia. Os profissionais argumentam que é mais eficaz limitar as capturas, atribuindo o declínio da espécie a outros fatores que não a pesca. Por essa razão acreditam que as medidas de conservação devem considerar outras ameaças como o assoreamento dos rios e a presença de espécies invasoras.
A divergência de opiniões continua a ser um ponto de discussão, mas o consenso em torno da necessidade de adotar ações que garantam a preservação da lampreia parece cada vez mais urgente.
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