Investigadores do MARE em estudo pioneiro do mar profundo

Uma equipa de investigadores, na qual integram diversos membros do MARE, acabou de publicar um novo artigo na revista científica Communications Biology do grupo Nature. No artigo, é descrita uma experiência de 24 meses onde foi estudado como a profundidade, a orientação do substrato e a sua constituição, influenciam as comunidades bentónicas da zona de transição entre a luz e a escuridão (Mesofótica e limite inferior da eufótica) do oceano. 

O oceano cobre mais de 70% da superfície da Terra, sendo que a maior parte desta área cobre profundidades superiores a 100 metros, constituindo a zona Mesofótica, o local de transição entre a luz e a escuridão total. Apesar desta enorme dimensão, os ecossistemas desta zona de transição, são muito pouco explorados. Os arquipélagos na Macaronésia não são exceção, sendo que a maior parte do conhecimento atual sobre os habitats mesofóticos é bastante limitada, e proveniente de um número limitado de conteúdo videográfico.

Numa época em que os impactos antropogénicos continuam a aumentar, comprometendo a saúde dos ecossistemas marinhos, e em que o interesse pela exploração mineira em águas profundas está a crescer a par da procura de minerais para apoiar a transição ecológica, é da maior importância conhecer melhor estes habitats em profundidade, de forma a compreender melhor os impactos a que estão sujeitos e a melhor forma de os atenuar. Neste sentido, uma equipa de investigadores liderada pelo diretor do MARE-Madeira João Canning-Clode, e da sua equipa, conduziu uma experiência durante 24 meses, onde foi estudado como a profundidade, a orientação do substrato e a sua constituição, influenciam as comunidades bentónicas da zona mesofótica e do limite inferior da zona eufótica.

Para isto ser possível, foi utilizado um submersível tripulado e vários painéis de recrutamento, que foram colocados a 100, 200 e 400 metros em diversas posições. 
Da recolha de dados, foi possível concluir que tanto a profundidade como a orientação do substrato e a sua constituição, contribuem para a estruturação de comunidades de macrofouling. seres vivos que se acumulam em superfícies sólidas, como é o caso das ostras ou do mexilhão.

Este estudo é não só essencial para a compreensão destas comunidades, como também estabelece uma base para futuras investigações e esforços de recuperação de ambientes mesofóticos no arquipélago da Madeira, tornando-se pioneiro na Área.

 

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