A bordo do Polarstern, navio de investigação alemão, Mara Gomes, aluna de Mestrado em Ciências do Mar e bolseira do projeto PiscisMod do MARE, descreve a sua experiência como investigadora e até mesmo como professora.
“Durante o mês de julho o navio de investigação alemão Polarstern navegou no Atlântico, partindo no inverno dasIlhas Malvinas rumo ao verão de Bremerhaven. A expedição teve como objetivo a aquisição de dados atmosféricos e oceânicos para monitorizar parâmetros geofísicos no contexto das alterações climáticas. Para além de cientistas de diversos centros de investigação internacionais, na expedição, participaram alunos do POGO (Partnership for Observation of the Global Oceans) de ciências marinhas de países em desenvolvimento aos quais foi proporcionada a oportunidade de participar ativamente no estudo dos oceanos. Os módulos lecionados nesta escola navegante foram oceanografia, clima, microrganismos, deteção remota e tecnologia e divulgação de informação científica.
A possibilidade de participar nesta expedição deve-se ao projeto PORTWIMS (Portugal Twinning for Innovation and Excellence in Marine Sciences and Earth Observation), particularmente devido à colaboração entre o MARE e o AWI (Alfred Wegener Institute), com o intuito de proporcionar a transferência de conhecimentos entre institutos, financiando a participação de investigadores em expedições e cursos.
A bordo do Polarstern fui responsável pelo submódulo de fitoplâncton, inserido no modulo de microrganismos, que é a minha área de interesse e de estudo no MARE. Neste contexto, dei aulas sobre a dinâmica fitoplanctónica no Atlântico e sobre metodologias atualmente utilizadas para este fim. Para além da vertente teórica, supervisionei e orientei os alunos POGO na aquisição de dados e tratamento de amostras no laboratório. Ao longo do transecto foram adquiridos dados para análise de pigmentos fotossintéticos e diversidade de espécies fitoplanctónicas. Adicionalmente, foram adquiridos dados óticos para extração de informação da abundância e composição das comunidades fitoplanctónicas. Estes dados têm como finalidade o desenvolvimento e validação de algoritmos de determinação da concentração de clorofila-apartir de dados obtidos por satélites. Complementarmente, toda a informação obtida ao longo da expedição permite caraterizar o Atlântico em termos de dinâmica fitoplanctónica integrando dados de fatores abióticos também recolhidos no âmbito de outros módulos.
A minha participação nesta expedição resultou num imenso enriquecimento pessoal e profissional. É uma oportunidade excecional poder participar numa expedição desta dimensão, onde diferentes áreas das ciências do mar e da atmosfera são integradas, e cientistas de todo o mundo se juntam pela mesma causa. A experiência de ensinar foi sem dúvida a que me fez aprender mais. Abriu-me inevitavelmente horizontes motivando-me para, em breve, poder voltar ao segundo pulmão do nosso planeta, o oceano”.
Mara Gomes