Palestra Quintas do MARE por Filipe Banha

Transporte acidental de fauna dulçaquícola invasora e a pesca desportiva

Local: Anfiteatrro Fundação FCUL

A pesca desportiva em águas interiores é uma atividade de lazer com importância económica local e regional, que muitas vezes constitui o único uso de muitas massas de água dulçaquícolas. A sua expressão tem vindo a aumentar nas últimas décadas e em Portugal já é praticada por cerca de 3 % da população. A preferência por peixes não nativos tem levado nas últimas décadas à translocação destas espécies entre bacias hidrográficas, levando este processo ao transporte acidental de outros organismos não nativos. Na pesca desportiva são utilizados diversos materiais que entram em contacto com água, como meios de navegação, material de pesca e vestuário, aos quais podem aderir organismos aquáticos que podem ser transportados para novos locais de modo não intencional. Por outro lado, a utilização de isco vivo também pode contribuir para o transporte de espécies não nativas, quer as espécies utilizadas como iscos, quer outras que são transportadas como “contaminantes”. Pretende-se apresentar uma série de descobertas recentes relacionadas com o transporte de organismos não nativos por parte de pescadores desportivos. Primeiramente serão apresentados os resultados de um inquérito internacional e bilíngue efetuado na Península ibérica onde se estudaram os hábitos e perceções dos pescadores desportivos relativamente a esta problemática. Em seguida serão expostos diversos casos onde se verificou o potencial de diversas atividades e materiais de pesca como vetores válidos para o transporte acidental de animais não nativos dulçaquícolas. Os resultados obtidos demostram a importância da consciencialização dos pescadores lúdicos de modo a reduzir o risco de transporte acidental destas espécies não-nativas.