Os investigadores do MARE Gil Santos, Filipe Ribeiro, Esmeralda Pereira, Alexandra Silva, Pedro Raposo de Almeida, Diogo Ribeiro e Bernardo Quintella são os autores do artigo “Behaviour of the Apex Predator European Catfish (Silurus glanis) on a Recently Invaded Reservoir”, recentemente publicado na revista científica Ecology of Freshwater Fish. O estudo revela importantes descobertas sobre os padrões de atividade do peixe-gato europeu no rio Tejo, possibilitando novas abordagens para o controlo eficaz da sua população.
O peixe-gato europeu (Silurus glanis), uma espécie predadora de grandes dimensões e extrema fertilidade, é uma das principais ameaças aos ecossistemas de água doce em Portugal. Em particular, no rio Tejo, a sua proliferação tem contribuído para o declínio das populações de peixes nativos, o que torna urgente compreender os seus comportamentos para desenvolver estratégias de controlo mais eficientes.
Neste contexto, esta equipa de investigadores do MARE tem se dedicado ao estudo do comportamento do peixe-gato, mais recentemente, com foco nos padrões de atividade e utilização de profundidade ao longo do ano. Utilizando biotelemetria acústica, uma técnica avançada que permite o acompanhamento contínuo dos movimentos dos peixes, os investigadores monitoraram 10 indivíduos adultos na albufeira de Belver, no rio Tejo, durante um ano inteiro. Este estudo proporcionou dados importantes sobre a atividade e as profundidades ocupadas pela espécie em diferentes condições ambientais.
Os resultados indicaram que o peixe-gato europeu se mantém ativo durante todo o ano, com algumas variações sazonais. O pico de atividade ocorre no verão, quando os peixes estão mais ativos, enquanto o outono é o período de menor movimento. Em termos de profundidade, o peixe-gato ocupa águas mais rasas na primavera e no verão, com profundidades médias de 2,6 metros e 4,8 metros, respetivamente. Já no outono e inverno, a espécie migra para águas mais profundas, com profundidades médias de 9,8 metros e 10,8 metros, respetivamente.
Para além disto, os padrões de movimento vertical variam significativamente, tanto sazonalmente quanto de forma individual. Os principais fatores ambientais que influenciam a atividade do peixe-gato europeu foram identificados como o caudal do rio, a temperatura da água e o fotoperíodo (a quantidade de luz disponível durante o dia). A utilização de profundidade, por sua vez, é mais sensível ao caudal do rio e ao fotoperíodo.
Com estas novas informações, será possível otimizar as estratégias de controlo desta espécie invasora, como ações de pesca mais direcionadas para os períodos e áreas do ano em que o peixe-gato está mais ativo e vulnerável à captura. Tais estratégias podem aumentar significativamente a eficiência na remoção da espécie, ajudando a proteger as espécies nativas e a saúde dos ecossistemas fluviais.
Estas descobertas são cruciais à gestão da biodiversidade aquática, fornecendo informações práticas para mitigar a ameaça representada pelo peixe-gato europeu. A implementação destas estratégias poderá facilitar a remoção o peixe-gato europeu do rio Tejo e, assim, contribuir para a preservação das comunidades piscícolas nativas, assegurando a sustentabilidade dos ecossistemas aquáticos da região.
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Fotografias da autoria de LIFE PREDATOR