O investigador do MARE João Canning-Clode é um dos Ocean Leaders de 2023

 

A Edinburgh Ocean Leaders anunciou esta quarta-feira os oito profissionais nomeados para serem Ocean Leaders de 2023 e o investigador do MARE João Canning-Clode foi um dos selecionados. 

Vêm de oito sítios diferentes - Portugal, África do Sul, Bangladesh, Mauritius, Filipinas, Kenya, Estados Unidos da América e Indonésia, e diferentes áreas – para se unir à comunidade de líderes a trabalhar nas soluções vitais para o oceano e para a sociedade. Escolhidos “a dedo” pela capacidade de se tornarem change-makers - pessoas que fazem a diferença no oceano – irão trabalhar na ambição do co-fundador e da co-diretora do Edinburgh Ocean Leaders, Sandy Tudhope e Meriwether Wilson, - “acelerar e amplificar as visões e capacidades destes notáveis profissionais e das suas organizações”.

 

 

 

Vamos conhecer o investigador do MARE João Canning-Clode, o que o trouxe até aqui e os planos para mais uma conquista!

 

  1. O que significa este prémio para si?

Uma surpresa, mas uma grande honra que aceito com humildade. Estamos em constante aprendizagem e eu tenho uma grande sede em crescer ainda mais enquanto pessoa. Encaro esta distinção como uma enorme oportunidade para dar continuidade a esse crescimento.

 

  1. Como funciona este prémio? E de que forma este programa apoia a sua missão enquanto investigador?

Numa primeira fase, fui pré-nomeado por alguém, possivelmente um colega. Depois o programa Ocean Leaders contactou-me e convidou-me a submeter uma candidatura completa que consistia no envio de um CV completo, o preenchimento de um formulários e questionário muito específico, e finalmente uma carta de motivação. Fui selecionado juntamento com outros sete Ocean Leaders. Agora em março, parto para Edimburgo onde passarei uma semana a trocar experiências com todos eles. Irei também ter a oportunidade de aprender e desenvolver novas ferramentas e conhecimento em liderança. Durante um ano terei reuniões mensais virtuais com todo o grupo e no final do ano haverá uma expedição científica. Pelo meio terei oportunidade de participar em grandes conferencias internacionais, nomeadamente das Nações Unidas. Como este programa é financiado pela Fundação Príncipe Alberto II do Mónaco, terei oportunidade de participar na Monaco Ocean Week.

  1. O slogan do Ocean Leaders é “Acelerar a nova geração de decisores do Oceano”. Qual, na sua opinião, é a “chave” para dar velocidade a esta necessidade do oceano?

Creio que um dos grandes objetivos do programa Ocean Leaders é criar durante os próximos anos uma rede global de líderes que tenham influência e capacidade de inspirar e motivar os decisores políticos à mudança - fazer mesmo a diferença. Estes líderes não devem ser (nem o são) todos cientistas como eu. Temos alguns exemplos de empresários ligados à economia azul, vigilantes da natureza, empreendedores, consultores, ou gestores de projetos. É um conceito ambicioso, mas concordo que o ‘networking’ é a chave para acelerar essa mudança. Terá de ser um esforço forçosamente coletivo.

 

  1. Por onde começar? Qual é o seu grande propósito este ano?

A minha maior preocupação são as pessoas que trabalham comigo. Sempre foi assim, e julgo que continuará a ser. O meu grupo cresceu muito nos últimos anos. Estamos todos a fazer um trabalho notável no MARE-Madeira, mas temos fragilidades, a maior delas, alguma incapacidade de dar estabilidade profissional aos nossos investigadores. Aliás este não é um problema exclusivo da minha equipa, mas sim um problema nacional. Passo a maior parte do meu tempo na busca constante de financiamento para poder por um lado consolidar a nossa equipa, e por outro complementá-la com pessoas novas. Por outro lado, este ano iniciei o meu primeiro mandato como presidente do grupo de peritos do ICES em invasões marinhos, que será certamente um grande desafio.

 

  1. Qual é a mensagem mais importante que quer passar neste âmbito da necessidade de oceanos mais saudáveis?

Só temos um oceano que é de todos, e esse enfrenta neste momento uma série de pressões que é em grande medida provocada por nós. É fundamental abordarmos este problema de frente e apostar na educação. É importante falarmos deste problema com todos, sobretudo com os mais jovens.

 

  1. *Questão mais pessoal: o que o inspira a trabalhar mais e mais?

Gosto muito de correr, durante a semana, nas ruas do Funchal, a ouvir música. No fim de semana faço ‘trail running’ nas montanhas da Madeira. A minha maior inspiração é a minha família. Trabalho todos os dias para eles. A minha maior motivação é tentar fazer a diferença e poder contribuir para que a Madeira e o meu país – Portugal – tenham cada vez mais uma palavra a dizer nas ciências do mar no panorama internacional. O nosso mar é gigante, e o nosso potencial é igualmente gigante.