O MARE, em conjunto com a ARDITI da Região Autónoma da Madeira, vai liderar o projeto Atlantic Whale Deal. O projeto, que tem como objetivo testar tecnologias que reduzam a incidência de colisões entre baleias e navios, problema generalizado no Atlântico, irá contar com 15 parceiros de quatro países (Portugal, Espanha, França, Irlanda). Iniciará em dezembro sob a Liderança dos investigadores do MARE Filipe Alves (o investigador principal) e Marc Fernandez.
Este projeto, que surge no âmbito do programa Interreg Atlantic Area, contará com um financiamento global de 3,4 milhões de euros. Os investigadores preveem testes pilotos no espaço atlântico europeu. Marc Fernandez confirma que estes pilotos da tecnologia (sensores visuais e acústicos) serão testados nas ilhas Canárias, Açores e Irlanda. “Ao mesmo tempo, mapas de risco de colisão e modelos estatísticos serão usados para inferir a probabilidade de colisões de baleias com vários tipos de embarcações em todas as regiões atlânticas envolvidas no projeto".
Todos estes sistemas servem para fornecer dados relevantes quer a governos, quer à própria indústria, para a implementação de medidas que reduzam os riscos de colisões, e para estabelecer rotas de navegação. De entre os vários benefícios este projeto fará igualmente aumentar o sequestro de carbono no qual as baleias têm um papel muito importante.
Note-se que a colisão entre navios e baleias é um “problema generalizado” em muitas áreas. Nas ilhas Canárias contabilizam-se 71 colisões entre 1991 até 2020. Já na Galiza, foram reportadas dez colisões entre 1999 e 2018. Também nos Açores existiu uma colisão em 2015. Sendo que o investigador refere ainda que poderá não existir um registo concreto do número de colisões. “Um estudo recente estima que para o Atlântico foram reportadas um total de 583 colisões desde 1820 até 2019. No entanto, é preciso ter em consideração que muitos destes incidentes podem ser subestimados devido à falta de estudos e porque esses eventos ocorrem em mar aberto”, acrescenta Marc Fernandez.
“As grandes baleias são seres que realizam grandes migrações, portanto, o que acontece em áreas específicas do Atlântico terá um efeito numa área muito maior. Por essa razão, este projeto foi concebido como um projeto Atlântico que procura testar soluções em áreas específicas para resolver um problema global”, conclui o investigador.
Notícia no Jornal da Madeira.