O 24º aniversário do Pavilhão da Ciência, celebrado esta terça feira, foi repleto de crianças e jovens cheios de curiosidades. Têm sede de conhecer mais e mais e descobrir o mar e os animais que nele habitam. Quem melhor do que os investigadores para saciar tal curiosidade?
"Senhora, aqui não tem nenhum tubarão-martelo?" pergunta uma criança ao chegar ao Fishanário. Esse específico não, mas temos o tubarão-branco e muitas mais espécies para mostrar. E vem logo uma outra criança que diz "quero ouvir a explicação". A investigadora do MARE Vera Sequeira explica tudo, mas primeiro faz as "perguntas da praxe": dos animais que estão nesta mesa quais conhecem?
Na "mesa dos segredos do mar" há caranguejos, estrelas do mar, lulas, lagostas, tubarões e peixes como a dourada, a pescada, o sargo ou a sardinha. A investigadora explica-lhes a importância de um consumo sustentável de pescado. Há que evitar comer o atum, o salmão e o bacalhau porque são espécies que não existem nas nossas águas e aproveitar para comer as que existem. Há também uma caixa com areia com o que parecem ser ovos de tartaruga-marinha. Os mais pequenos tentam desenterrar para os conhecerem. Em cima da mesa estavam também três caixinhas com cheiros diferentes - detergente da roupa, canela, e café. A ideia é que percebam que há peixes que utilizam o olfato para se orientarem e encontrarem os rios onde nasceram. Por fim há uma corda, tem 12 metros. Esticada mede o mesmo que o tubarão-baleia. "As crianças gostam de interagir, pegar, ver e muitos deles fazem coleção destes animais em casa", explica a investigadora do MARE que animada recebe as crianças e até adultos que vão ao seu encontro neste aniversário.
Mesmo ao lado estão ostras vivas, e as algas que elas comem. Apanhadas esta segunda-feira perto da Marina de Cascais, com a rede de plâncton, foram trazidas para o Pavilhão do Conhecimento para dar a conhecer às crianças este mundo marinho. E dar a conhecer este mundo misturado com conceitos como economia circular. "Sabes o que é?" pergunta a investigadora do MARE Ana Amorim às crianças. E explica: "a ideia é aproveitar tudo e não desperdiçar nada. Nós tiramos os pigmentos das algas [para fazer, por exemplo, M&Ms] mas também usamos o resto para dar aos peixes na aquacultura, para adubo na agricultura, e até para alimentação humana. Há compostos muito nutricionais usados a partir das algas. "E aquelas amarelas?" pergunta outra menina curiosa. São as diatomáceas. Estão em cultura para poder fornecer o alimento à ostra. Até as gelatinas são extraídas das algas. E porquê estudar as algas? Os investigadores estudam as algas para ver se há algas tóxicas na nossa costa, e como o clima influencia o aparecimento de novas algas. Até porque há um tipo de algas que ajuda inclusivamente a mitigar o efeito do dióxido de carbono.
Um pouco mais longe está o Pavilhão da Realidade Virtual com o Kids Dive, o já conhecido projeto que tem levado o mar, e especialmente a experiência de mergulho, a muitas crianças. Só este ano já chegou a cerca de 1300 crianças de todo o país. Com o investigador do MARE Frederico Almada as crianças estão na sala quem tem além de uma scooter (para andar debaixo de água), um colete e uma garrafa de mergulho, uns óculos para mergulhar virtualmente. O investigador dá pormenores sobre o seu trabalho nas escolas e sobre a vida marinha. Mas o que desperta mesmo a curiosidade são os tubarões. "Mas eles estão longe da costa?" pergunta uma futura bióloga. "Os tubarões não gostam de pessoas. Gostam de comer peixe. Existem por todo o oceano, Mas não são agressivos por si só e não se aproximam muito da costa geralmente" explica o investigador. Conclui com números: "nós matamos cerca de 100 milhões de tubarões por ano", número que nada tem que ver com as mortes humanas devido a tubarões.