Cerca de um quarto dos habitats dos tubarões oceânicos encontra-se nas zonas de pesca ativas, o que pode ameaçar tais predadores icónicos do oceano. Esta descoberta, publicada na revista britânica Nature, demonstra uma necessidade urgente de esforços de conservação para proteger os tubarões pelágicos, em declínio.
Intitulado Global Spatial Risk Assessment Of Sharks Under The Footprint Of Fisheries o estudo, liderado pela Marine Biological Association – MBA, comparou dados de quase 2.000 tubarões, mapeando as suas posições. Os resultados foram obtidos a partir da colaboração de uma equipa internacional, tendo envolvido mais de 150 cientistas de 26 países, dos quais investigadores do MARE - Centro de Ciências do Mar e do Ambiente: André Afonso e Frederic Vandeperre.
O investigador do MARE, do Politécnico de Leiria, André Afonso, deixa um alerta: “Este trabalho é extremamente importante devido à escala global em que foi conduzido e à implicação dos resultados obtidos para a conservação dos recursos oceânicos. O estudo estima que 24% da área dinâmica utilizada por tubarões pelágicos em cada mês coincida com áreas onde decorre pesca industrial com palangre, o que indica uma exposição bastante elevada destas espécies já de si vulneráveis à pressão pesqueira. Os tubarões azul e mako chegam mesmo a atingir 76% e 62% de sobreposição espacial com esses aparelhos de pesca. Perante esta constatação, torna-se urgente implementar medidas de proteção em regiões oceânicas para assegurar a conservação destas importantes populações de predadores marinhos”.