Que impactos têm os nitratos nos ecossistemas aquáticos? É a esta pergunta que a investigadora do MARE Rita Maurício, responde no mais recente episódio do programa Biosfera da RTP.
Atualmente, menos de metade das massas de água estão em bom estado. Parte do problema da pouca qualidade da água nosso país, está relacionado com a presença de diversos contaminantes que prejudicam os ecossistemas. Um dos principais contaminantes, é o nitrato, um composto de azoto presente em rios, oceanos, na nossa comida e até no nosso corpo.
O azoto é um dos elementos mais comuns no nosso planeta, perfazendo cerca de 78% da atmosfera terrestre. O problema é, quando compostos azotados facilmente encontrados em fertilizantes, adubos, ou dejetos de animais, se encontram em grandes concentrações no meio ambiente, tornando-se prejudicial ao equilíbrio ecológico.
É dentro desta premissa que a investigadora do MARE Rita Maurício, explicou no programa da RTP, que “a seguir aos pesticidas, os nitratos ou compostos de azoto, sejam eles na forma de nitratos, nitritos ou até de azoto amoniacal, é descrita como a segunda maior fonte de contaminação aquática a nível global”. Segundo a investigadora, os números de azoto nas massas de água duplicaram desde a década de 1920, quando se começou a produzir fertilizantes com base no azoto.
Para além dos problemas a nível ambiental, estas elevadas concentrações podem ter também um impacto bastante negativo na saúde humana. “Há efeitos bastante nocivos do consumo de nitratos e nitritos”, refere a investigadora do MARE, enumerando doenças como a cianose, a diabetes ou o cancro do colo retal.
Para além da sua origem agrícola, os nitratos podem chegar às massas de água, através do escoamento de águas residuais domésticas e industriais, após o seu tratamento nas ETARs.
“As estações de tratamento de água residual podem, ou não, remover azoto e fósfora. A obrigatoriedade de remover estes dois nutrientes está no facto de onde estamos a descarregar”, começa por explicar Rita Maurício. “Se nós estamos a descarregar num meio sensível, ou seja, uma zona que pode ser foco de eutrofização, então há a obrigatoriedade de remover este azoto e fósforo”.
Apesar disso, “há muitas estações que não removem azoto e fósforo, porque o meio recetor não é sensível e, portanto, não tem esta necessidade de proteger o meio recetor”. Neste contexto, parte do trabalho da investigadora passa pelo reaproveitamento isolado do azoto e fósforo que não é retirado nas ETARs.
“O principal recurso de uma água residual é a água, mas não só. Eu dentro de uma água residual tenho por exemplo, nutrientes que são essenciais à vida”, conclui Rita Maurício, que explica como tenta “recuperar aquele azoto e fósforo e utilizá-lo de outra forma”.
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