Romana Santos no programa “Fala-me de Ciência”

A investigadora do MARE Romana Santos foi a mais recente convidada no programa “Fala-me de Ciência”, onde falou sobre a sua investigação na área dos bioadesivos para aplicação médica. 

“Nós no meu grupo estudamos organismos marinhos, em particular animais que vivem numa zona que é muito desafiante, que é a zona entre marés. E estes animais, ao longo da evolução, tiveram que desenvolver uma forma de se conseguirem fixar e não serem arrastados pelas ondas”, começa por explicar a investigadora. “Atualmente sabemos que todos estes organismos desenvolveram adesivos biológicos. Ou seja, adesivos que são compostos por vários tipos de moléculas, principalmente proteínas e açúcares, mas que têm propriedades muito especiais e diferentes dos adesivos sintéticos”. Esta propriedades incluem, o facto de serem biocompatíveis, serem biodegradáveis, e ao contrário dos adesivos sintéticos, funcionarem muito bem na presença de água e de sais.

Desde o início da sua carreira que Romana Santos estuda estas propriedades e as suas possíveis aplicações. “Comecei a estudar estes adesivos biológicos, pensei que seria muito interessante, porque para muitas das aplicações biomédicas e biotecnológicas existe a presença de fluidos fisiológicos, que também têm água e sais, e que nos quais não podemos utilizar adesivos sintéticos, porque eles, apesar de terem uma grande força de adesão em seco, não têm em ambientes húmidos ou ambientes aquosos”, refere a investigadora.

A investigadora do MARE é ainda fundadora do projeto BioMimetx, com o objetivo de estabelecer a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa como uma referência no estudo da conformação das proteínas e aplicar este conhecimento ao estudo de doenças neurodegenerativas. “Aquilo que se pretende é que através do financiamento de atividades de networking, atividades de formação, troca de investigadores, nós possamos na Faculdade de Ciências adquirir conhecimento e tornarmos uma referência analítica, digamos assim, para o estudo das proteínas”.

Este projeto foca-se principalmente no estudo de proteínas com a capacidade de agregação, fator em comum entre as doenças neurodegenerativas e os bioadesivos.  “Na natureza existem então proteínas que devido à sua estrutura têm uma propensão para formar agregados, e esses agregados são bem conhecidos nas doenças neurodegenerativas, porque são eles que são responsáveis por essas doenças, portanto nesse caso têm uma função nociva” explica a investigadora. “Aquilo que é interessante é que cada vez mais há evidências de que na natureza às vezes esta agregação até pode ser benéfica. E no caso dos bioadesivos é, porque esta agregação é exatamente aquilo que permite um bioadesivo que é produzido por um organismo marinho”, conclui.

Fala-me de Ciência é o podcast da HiSeedTech que trata a Ciência por tu, transmitido na Rádio Portalegre quinzenalmente.

 

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