O Siluro (Silurus glanis) ou peixe-gato-europeu é uma espécie de peixe de grandes dimensões (podendo chegar aos 2,8 metros de comprimento e pesar 120kg), predador e com uma fertilidade extrema, depositando até 350000 oócitos a serem fecundados. Em Portugal, trata-se de uma espécies invasora que proliferou nos últimos anos no rio Tejo, contribuindo para a diminuição das espécies de peixes nativos. Na última década foram já encontrados alguns Siluros no rio Douro, na albufeira de Meimoa junto à Serra da Malcata. e na albufeira de Montargil.
Filipe Ribeiro, investigador do MARE, está a estudar a ecologia do Siluro para encontrar metodologias que ajudem a controlar as suas populações em habitats onde esta espécie é invasora. No contexto do projeto Megapredador, liderado pelo MARE em colaboração com o Instituto Agrário de Santarém, foram analisados 261 Silúrios ao longo de um troço no rio Tejo (desde Vila Franca de Xira a Abrantes), para se perceber de que se alimentam estes animais.
Em entrevista ao jornal Público, Filipe Ribeiro referiu que “Das 36 espécies de peixes que existem neste troço fluvial, só cinco espécies é que não foram detectadas no estômago dos siluros. É um predador muito generalista”.
A nível europeu, Filipe Ribeiro trabalha no projeto Life-Predator, com o objetivo de diminuir as populações de Siluro em áreas protegidas. “O rio Tejo em Portugal tem mais de 200 quilómetros. Fazer um controlo populacional em cada um dos locais não é financeiramente, operacionalmente, possível. Por isso, temos de nos focar nos parques naturais e nos locais onde o siluro poderá ter mais impacto nos peixes com elevado valor comercial.”, explica do investigador do MARE.
O projeto pretende reduzir cerca de 90% da biomassa de peixes-gato em cinco pequenos lagos isolados, que fazem parte da Rede Natura 2000, 50% no caso de pequenas massas de água e 10% em grandes lagos e albufeiras. “A quantidade de efectivos de siluro já é tão grande, que tem de ser um esforço muito grande de pesca para surtir efeito, pelo menos para baixar a população”, explicou ao Público Rui Pedro Rivaes, investigador do Mare, que integra o Life-Predator e está a liderar o estudo para testar os diferentes métodos de pesca na captura do siluro. "“Temos estado a implementar combinações de diferentes técnicas, com redes de diferentes malhas e o uso de palanques, que são linhas anzoladas em que se pesca com isco vivo ou morto”.
No último ano, os investigadores monitorizaram a população em quatro locais: Nas albufeiras de Belver e Fratel (rio Tejo), na albufeira de Cedillo (Tejo internacional) e na albufeira de Meimoa (Serra da Malcata), e será este verão que irão colocar as artes de pesca. Isto permitirá perceber-se se é possível controlar a população de Siluros através de artes de pesca, e ao mesmo tempo contribuir para a recuperação das espécies de peixes nativos.
Para além disto, parte do trabalho dos investigadores do MARE, passa também por alertar a população para o perigo ecológico que é o Siluro. Segundo o inquérito que a equipa de investigadores realizou, existe uma minoria de pescadores desportivos que valoriza esta espécie enquanto troféu. "“São estas pessoas que têm de ser trabalhadas. Devia haver uma maior presença dos agentes de fiscalização no terreno, direccionado a este grupo de pessoas, para mostrar que não podem transportar os peixes do rio Tejo para outra albufeira”, refere Filipe Ribeiro. "“Sabemos perfeitamente que o siluro foi levado do rio Tejo para a albufeira de Meimoa. É totalmente contra a lei portuguesa. Mas não é um crime ambiental, infelizmente”.
Esta proposta faz também parte do Plano de Acção para o Controlo do Siluro em Portugal, feito pelo Mare para o ICNF: “O plano propôs diferentes soluções de gestão, foram discutidas internamente por todos os técnicos do ICNF a nível nacional”, refere Filipe Ribeiro, explicando que a ideia é que ele reverta para uma Resolução de Conselho de Ministros., estando atualmente à espera de aprovação pelo Governo.
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Fotografias da autoria do projeto LIFE-Predator