Em entrevista aos media, os investigadores do MARE Filipe Ribeiro e Rui Rivaes alertam para a presença crescente de muitas espécies exóticas no rio, como a espécie invasora dos siluros, que afetam os peixes nativos e o ecossistema ribeirinho.
Esta equipa de investigadores centra os seus trabalhos nos problemas e desafios da sociedade, em estreita parceria com centros de investigação nacionais e internacionais. Neste caso, os investigadores procuram perceber o impacto de espécies invasoras como o Siluro, junto de espécies nativas como a enguia europeia, o sável ou o barbo. Para isso, desde 2016 que estabeleceu 12 pontos de amostragem, entre a Albufeira do Fratel e Salvaterra de Magos, para fins de monitorização feita anualmente.“
Nós fazemos amostragem científica com pesca elétrica e com redinha, que é uma rede de cerco, de forma a termos uma visão global do que nós temos no nosso rio”, explicou Filipe Ribeiro à rádio Hertz.
O investigador Rui Rivaes destacou ainda à Lusa a importância de uma "regular e contínua monitorização ecológica" dos rios, "para que se possam fazer estudos que abordem as evoluções temporais" e estabelecer planos para "agir em conformidade" com os resultados. Segundo o investigador do MARE, o rio Tejo “está a ser invadido por muitas espécies exóticas, e o que nós temos estado a verificar é que, desde a década de 80 até agora, se verifica uma variação muito grande da proporção de espécies nativas e de espécies exóticas, tendo a presença de invasoras aumentado de 10% para os 50%”.
Para se compreender melhor como uma espécie invasora pode alterar o funcionamento do ecossistema, Rui Rivaes dá um exemplo: “Se nós temos espécies que são mais bentónicas, que se alimentam do fundo, e passamos a ter só predadores, vamos ter, por exemplo, outras exóticas, como o alburno, que se alimenta na coluna de água, ou seja, vamos ter menos zooplâncton, menos fitoplâncton, o que também diminui a qualidade da água, com uma cascata de efeitos que não está bem estudada"
Destas espécies invasoras destaca-se o Siluro, que pode chegar aos 2,8 metros de comprimento e pesar 120kg, e que se alimenta de espécies nativas como a lampreia e a enguia, cujas populações apresentam uma diminuição significativa. O investigador do MARE Filipe Ribeiro refere que «ainda é cedo» para tirar conclusões, ainda que admita que, efetivamente, há esse registo de diminuição assente noutros trabalhos já realizados.
Rui Rivaes conclui dizendo que não querendo ser alarmista, “quando nós estamos a olhar para o Tejo e para o panorama geral de 40 anos de monitorizações, vemos que realmente tem havido uma degradação acentuada da qualidade ecológica do rio e que corrobora aquilo que nós estamos a ver em termos de dimensão das populações".
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